ESPERANDO O GUERREIRO
Enquanto os rigores da Lei não enquadram o sapo e a jia e eles continuam coaxando, eu, que não dou ouvidos a esse coaxar, para entreter a corte da Pérsia e o rei Shariar, dou uma de Sherazade e passo a contar histórias. E vamos à primeira:
Era uma vez um reino habitado por peles vermelhas, que não escondiam a sua nudez e viviam na santa paz do deus Tupã desfrutando da terra onde tinha palmeiras e cantava o sabiá. Um belo dia os verdes mares serenaram, causando uma enorme calmaria e por conta dessa bendita calmaria, uma frota composta de dez naus catarinetas lotadas de caras pálidas, que seguia rumo a outro continente em busca de especiarias bateu com os costados numa das praias do reino. Que fizeram então, os caras pálidas? Desembarcaram e em terra firme, desprezando os seus habitantes, ergueram uma cruz e em nome do Deus deles tomaram posse da terra, sob os olhares pasmos dos peles vermelhas. O escrevinhador da frota apressou-se para enviar uma carta – via pombo-correio – ao seu rei, um tal de D. Venturoso, que reinava além Tejo, onde dizia: “melhor que as especiarias que iam buscar mais adiante, era a terra que “descobriram” em tal maneira é graciosa que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.”
E o reino dos peles vermelhas foi aos poucos invadido pelos caras-pálidas, que lotearam suas terras, dilapidaram suas riquezas em ouro, prata, pedras preciosas, madeira e tudo o mais que a terra dava. Perseguidos, maltratados, subjugados, explorados os peles vermelhas viram-se assim, despojados do seu próprio reino, que também começou a ser povoado por criaturas trazidas de outro continente pelos caras pálidas, que as vendiam como mercadorias. Foi ai que, inconformado, o feiticeiro do reino lançou uma maldição, que per duraria por séculos seculorum.
EIS A MALDIÇÃO: Esta terra permanecerá deitada eternamente em berço esplêndido; não importa quão gigante pela própria natureza seja. Sistemas virão, tais como: colonial, imperial, regencial republicano, ditatorial, presidencial, todos eles serão atribulados e o seu povo sofrido comerá o pão que o diabo amassou e nunca terá para si um pedaço de chão de onde tirar o seu sustento. Chegará o tempo que o reino deverá mais do que possui e cairá no risco da desconfiança dos cristãos de além mar. O povo será condenado a subserviência e mendigará condições de vida.
Esta terra será conhecida como o REINO DO PASSINHO PRA FRENTE / PASSINHO PRA TRÁS. Será assim até que o gavião bata asas e a nambu levante vôo, então surgirá do meio do povo um guerreiro trazendo no corpo as cores da sua nação, tendo uma flecha pintada na fronte, pois assim como a seta traspassa o duro tronco, assim o olhar do guerreiro penetra na alma do povo. Com um beijo o guerreiro despertará o Gigante, declarará amor aos seus filhos e tornará verdadeiras as suas boas intenções. Assim cairá a maldição e todos serão felizes para sempre.
Enquanto os rigores da Lei não enquadram o sapo e a jia e eles continuam coaxando, eu, que não dou ouvidos a esse coaxar, para entreter a corte da Pérsia e o rei Shariar, dou uma de Sherazade e passo a contar histórias. E vamos à primeira:
Era uma vez um reino habitado por peles vermelhas, que não escondiam a sua nudez e viviam na santa paz do deus Tupã desfrutando da terra onde tinha palmeiras e cantava o sabiá. Um belo dia os verdes mares serenaram, causando uma enorme calmaria e por conta dessa bendita calmaria, uma frota composta de dez naus catarinetas lotadas de caras pálidas, que seguia rumo a outro continente em busca de especiarias bateu com os costados numa das praias do reino. Que fizeram então, os caras pálidas? Desembarcaram e em terra firme, desprezando os seus habitantes, ergueram uma cruz e em nome do Deus deles tomaram posse da terra, sob os olhares pasmos dos peles vermelhas. O escrevinhador da frota apressou-se para enviar uma carta – via pombo-correio – ao seu rei, um tal de D. Venturoso, que reinava além Tejo, onde dizia: “melhor que as especiarias que iam buscar mais adiante, era a terra que “descobriram” em tal maneira é graciosa que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.”
E o reino dos peles vermelhas foi aos poucos invadido pelos caras-pálidas, que lotearam suas terras, dilapidaram suas riquezas em ouro, prata, pedras preciosas, madeira e tudo o mais que a terra dava. Perseguidos, maltratados, subjugados, explorados os peles vermelhas viram-se assim, despojados do seu próprio reino, que também começou a ser povoado por criaturas trazidas de outro continente pelos caras pálidas, que as vendiam como mercadorias. Foi ai que, inconformado, o feiticeiro do reino lançou uma maldição, que per duraria por séculos seculorum.
EIS A MALDIÇÃO: Esta terra permanecerá deitada eternamente em berço esplêndido; não importa quão gigante pela própria natureza seja. Sistemas virão, tais como: colonial, imperial, regencial republicano, ditatorial, presidencial, todos eles serão atribulados e o seu povo sofrido comerá o pão que o diabo amassou e nunca terá para si um pedaço de chão de onde tirar o seu sustento. Chegará o tempo que o reino deverá mais do que possui e cairá no risco da desconfiança dos cristãos de além mar. O povo será condenado a subserviência e mendigará condições de vida.
Esta terra será conhecida como o REINO DO PASSINHO PRA FRENTE / PASSINHO PRA TRÁS. Será assim até que o gavião bata asas e a nambu levante vôo, então surgirá do meio do povo um guerreiro trazendo no corpo as cores da sua nação, tendo uma flecha pintada na fronte, pois assim como a seta traspassa o duro tronco, assim o olhar do guerreiro penetra na alma do povo. Com um beijo o guerreiro despertará o Gigante, declarará amor aos seus filhos e tornará verdadeiras as suas boas intenções. Assim cairá a maldição e todos serão felizes para sempre.