Feira paulistana
Em plena Frei Caneca, procuro um lugar para lanchar. E o que vejo na próxima esquina? Uma feira. Feliz com o achado, penetro na confusão. Barraca do pastel. Presunto com queijo, escarola com queijo também. Palmito, carne e outros tantos e tão bons. Já peço dois que a fome aperta. Leio os cartazes escritos à mão: caldo de cana, água de coco, guaraná zero, que eu nem sabia que existia. Logo à frente, um homem, sem os dentes de cima, mas com todos os de baixo, canta forte uma canção nordestina, que eu não entendo. Vou andando e ouço alguém falar: três por três reais. Alguém pergunta e ele responde. É isso mesmo, um real cada, não entende? Alguém estava duvidando do óbvio matemático. Logo mais à frente, outra banca de pastel. A moça do Bradesco Seguros, uniforme impecável, devora um de carne, está com pressa, a hora do almoço por acabar. Me assusto com o homem de facão. Na verdade, só quer que eu saboreie uma lasca de manga amarelinha. Boa mesma, dá vontade de comprar. A mocinha magra grita, ligeira, uma oferta que não consigo entender. Pelo jeito dela, oferta impossível de se recusar. Mais um pouco, outra moça me chama: “Moço, tá calor, precisa de uma água de coco, geladinha de doer.” É verdade, mas já tomei. Burburinho vindo de trás, burburinho vindo da frente. Tomate madurinho, verdura fresca, quinze laranjas por cinco reais, melancia doce como o mel. Saquinhos organizados de feijão, de arroz, outros grãos. Vou passando, imune, desviando das mulheres e homens com sacolas. Um homem oriental ajeita as bananas na banca, enquanto o outro conta e adverte o freguês: onze, doze, treze, uma é de lambuja, porque é para voltar outra vez.
Fico alegre com as cores, múltiplas cores e me divirto com o marketing tupiniquim, tropical. Preciso trabalhar, vou procurando a saída e pensando:
Preciso voltar aqui outra vez.