DE MORADOR "FIXO" A MORADOR DE RUA!

Sua antiga moradia?

Atrás do posto de saúde, onde, entre algumas outras “tralhas” se misturava também, tranquilo!

Energia elétrica? Nem pensar!

Água? Com certeza!! Principalmente nos dias de chuva: pelos vazamentos vindos de cima, pelas laterais abertas aos lados e por baixo, com as pequenas inundações vindas da rua!

Vivia relativamente feliz, apesar de não ter emprego, renda mínima, meios de locomoção ou qualquer espécie de conforto!

É claro que sempre procurava fazer algo, para ganhar alguns trocados e para isso, costumava recolher “latinhas” e após auferir “alguns”, comprava cigarros soltos e muito raramente, um maço!

Porque o vício, ah! O vício, sobrepuja todos os limites do verossímil, fazendo o sujeito desprovido de tudo, ainda investir seus últimos centavos em sua saciedade e não em vestimenta e alimentação!

Por fim, complementava sua renda, exercendo a tão discriminada profissão de pedinte e nos faróis das adjacências, pedia aos motoristas, trocados e somente um ou outro, sensibilizado, lhe doava de bom grado R$ 0,50 ou quando muito R$ 1,00, o que lhe deixava muito feliz e muito contente!

Muito satisfeito, agradecia!

É verdade que isso lhe rendeu algumas “blitz” surpresa da Polícia Militar, pois acreditavam que era ladrão e cometeria alguma espécie de maldade com os transeuntes e pilotos amadores, o que não era verdade!

Porque o ofício de ladrão, tanto pode ser exercido pelo paupérrimo morador de rua, quanto pelos Excelentíssimos Deputados e nobres Senadores e etc., mas o Policial Militar doutrinado, treinado para encarar os fatos pelos fatos em si, ainda não possuem o discernimento para entender as coisas como realmente as coisas são: nem todo preto rouba e nem todo pedinte é ladrão!

Enfim, após “gozar” de uma relativa tranquilidade em sua muito humilde moradia, o que de fato, é verdade, enfeava a vizinhança, finalmente foi despejado!

Um homem ou uma mulher, completamente lógicos, totalmente convictos do que queriam e de como as coisas tinham que ser, despacharam “Severino”, para outros ares! Para não falar a tão vulgar linguagem de: “mandaram-no para o olho da rua!”

Desde então, nunca mais o vi! Desde seu forçado “êxodo!” Desapareceu! Nunca mais foi visto na região!

Após alguns meses, apareceu!

O reconheci de pronto, após eu ter saído de uma padaria do bairro e ver estendida em minha direção, uma mão suja, do sujeito maltrapilho, assustado e confuso, pedindo, reconheci, era ele!

Era ele, estava de volta!

Por onde andou? Ninguém descobriu!

Por que voltou? Só Deus sabe!

Isso tudo se passou anteontem!

Ontem, pela manhã bem cedo, muito cedo, aliás, quando eu fazia minha salutar corrida matinal, a uma certa distância, ao lado da rota em que eu deveria passar, algo me incomodou e me deixou indignado: uma cortina de fumaça subia aos céus e que dificultaria sem dúvida nenhuma minha respiração quando eu passasse perto, pois, quem corre, quem caminha, sabe, muito bem do que estou falando!

Já havia emitido alguns “pensamentos!” (estilo: quem terá sido o gênio que resolveu botar fogo em lixo em plena via pública? deveria ser castigado, triturado, destruído, amaldiçoado e...) Quando, então, ao me aproximar (ao me aproximar mesmo, porque sou míope e só enxergo de perto, sem óculos), lá estava ele deitado, era Severino!

Deitado, uma pequena fogueira acesa a seu lado, nenhum cobertor, nenhuma proteção nem em cima e nem dos lados, portanto, o fogo, fez as vezes de casa, cobertor e aquecimento, estava Severino!

De morador fixo em um local predeterminado se tornou um morador de rua, sem residência em lugar nenhum!

Conclusão óbvia: essa não é uma sociedade justa!

E nem o poderia ser, haja vista os homens (e as mulheres) do alto escalação do Brasil, estão envolvidos até os ossos, com: lavagem de dinheiro, desvio de verbas públicas, apropriações indébitas, assassinatos, etc., são destituídos de respeito ao semelhante, desprovidos do sentimento de amor, porque somente ele pode transformar o mundo, vivem como se os bens públicos servissem somente para sua satisfação de seus amigos, seus parentes, familiares e simpatizantes!

Crianças carentes, toda espécie de doentes, Severinos e seus descentes “QUE SE DANEM!”

optiumt
Enviado por optiumt em 10/04/2016
Código do texto: T5600716
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