Direitos universais da criança
João Vítor é um menino de sete anos. Na prova de história que João Vítor fez na semana passada [nessa idade, eu só conhecia a história dos habitantes do planeta casa, na órbita da rua], havia uma questão sobre os direitos universais das crianças.
No enunciado, Chico Bento, o personagem da turma da Mônica, aparece dormindo, com um recadinho de que dormir é seu direito favorito. Em seguida, a questão pedia que o aluno indicasse três direitos universais da criança. Talvez a questão quisesse que a criança ensinasse àquele dorminhoco três verdadeiros direitos da criança, esquecendo que a verdade é um verdadeiro problema de interpretação. João Vítor, que tem poesia nos olhos, pensou que a questão pedia que se declarassem novos direitos para as crianças, tão fantásticos quanto o direito de dormir, do Chico Bento, ao que elencou: 1. Toda criança tem direito a ter o mar dentro de sua própria casa; 2. Toda criança tem direito a um animal de estimação; 3. Toda criança tem direito a tomar um super hiper mega sorvete.
João Vítor errou a questão, porque só as crianças e os poetas podem compreender o verdadeiro sentido da existência, mas no dia mesmo em que a correção chegou, João Vítor tomou um super hiper mega sorvete, com direito a se lambuzar, por acréscimo de um inciso nosso. No final de semana, João Vítor ganhou Mozart e Florbela, dois gatinhos de estimação, porque nada mais legítimo para a criança que o direito de brincar com seres vivos como ela. Quanto ao mar dentro de casa...ah, o mar dentro de casa, na nossa casa já é: moramos mergulhados na poesia.