II
Com carga de solidão, o silêncio te agride. Carregado de amor, o silêncio te conforta.
Trago estampado no olhar a inquietude infernal de um espírito perturbado pelas mazelas de um destino nem sempre justo.
Trago, junto com a fumaça de um cigarro vagabundo, cada segundo do deleite surreal que me é tua companhia.
Apraz-me aninhar a cabeça no teu peito num abraço de almas que supera, sem esforços, a nobreza e beleza dos mais renomados romances Shakespearianos. Sorrio, matreira, iluminada pelas estrelas que orbitam teus olhos castanhos.
Em tempos alhures eu apenas torturaria minhas mágoas em um bar imundo qualquer que tocasse Belchior. Pesquisaria cinquenta maneiras diferentes de fazer-me nós de forca. Hoje eu tenho nós, e não há mágoa que não caia por terra ao mínimo toque teu.
O vácuo feito de mim dissipou-se e meu coração floresceu outra vez, temperado pelo pó de lua que exala das pétalas do teu espírito. És chuva gostosa e incessante que rega-me a alma e inunda-me de amor.
Floresço todas as manhãs para e por ti. Aquece-me com os raios de sol do teu olhar em silêncio. É teu, e somente teu, o direito de (a)colher-me.