Manhas e Manhãs
Eis-me aqui. Submersa no aconchego da noite, recebendo um cafuné, deitada no colo da saudade.
Ouço ruídos quase inaudíveis lá fora. Nada que me desperte do topor de ansiar tua presença. Nada que desvie minha atenção do teu sorriso emoldurado no olhar capturado daquela foto de um sábado de sol.
Nunca tive apreço pelo amanhecer, que sempre me parecera presságio de que mais um dia iria chegar e trazer consigo toda aquela melancolia que me envolvia num invólucro de desespero. Mas eis que anseio, agora, o amanhã que tão logo e já me traz você.
Ouvi um pássaro cantar lá fora. Um sorriso em forma de melodia. Um versejar que me pede que abra a janela. Abri. Dependurado em seu bico trazia a mensagem vistosa de que não tardas em chegar. Voa, tempo. Abraça-me e me afaga os cabelos. Te apressas, pois aprece-me. Amanhece -me.