A MANCHA DE MOFO

A MANCHA DE MOFO

Acordei, abri os olhos e o que vi não me agradou nem um pouco. Uma mancha de mofo no teto (teto de gesso). Será se ontem ela estava lá? Ou até mesmo antes, não lembro...

Não me preocupei com sua idade, até por que é irrelevante no contexto da minha análise, que no momento era com a desvalorização e menosprezo do meu quarto. O que chamou mais minha atenção foram seu tamanho e feiura. Ela tomava mais ou menos um oitavo de todo o teto; no formato de um monstro, sei lá qual; naquela cor amarronzada característica de todas as manchas de mofo.

Fiquei de pé ao lado da cama, e voltei a olhá-la. Estava lá quieta e ameaçadoramente feia como a vi, quando deitado.

Para ter outro parâmetro de análise deitei no piso do quarto, ao lado da cama, a mancha continuava lá, agora menos ameaçadora, não sei se devido à distância dela e meus olhos, uma vez que estes estavam num nível abaixo de quando estava deitado sobre a cama.

Levantei e subi de pé sobre a cama. Ave credo! A mancha cresceu assustadoramente, tanto que tive medo de ser engolido por ela. Mas como isto não aconteceu, dei graças a Deus, desci da cama e fui viver minha vidinha. Deixei a mancha de mofo mofando de inveja de mim, pois posso fazer uma porrada de movimentos e idiotices, e ela não. Só fica parada lá, estupidamente estática.