do Norte para o Norte
Nasci e me criei no norte, mas ao certo não via nisso uma majestade. Bandeie-me para mais dentro do norte; adentrando matas, culturas e energias. Ali me vi numa cidade que me disseram cheia de índios; e ao contrário, estava abarrotada de concreto! Cheguei, fui acolhida e me senti da terra quando minha pele teve um contato real com o calor.
Fui conquistando o território, e dentro dali, notei que me cabia. O calor veio de todos os jeitos; nos abraços que pessoas desconhecidas me deram, das famílias que fiz parte mesmo que por pouco tempo, nas músicas e poesias que foram cantadas ao meu ouvido, das culturas que se cruzaram e permitiram fluir... e que, se eu fosse, compor tudo aquilo que o calor me trouxe; resumiria bem se fossem estas as palavras:
“Ali tive permissão de me conectar a uma terra, a um povo e me fazer parte de uma união, ou melhor, de uma tribo”.
Nasci em um lugar qualquer da região norte e por lá me criei também, no entanto, ali na cidade abarrotada de gente; eu me reinventei. Aprendi que a chuva cai torrencialmente todos os dias ou nenhum dia, mas, a luz principal sempre está ali, aquele majestoso Sol. Mas também que, as águas rolam porque precisam curar algo que está maldito.
Ah, como poderia eu esquecer as vielas, as ruas, os becos que contei passos; que nessas caminhadas noturnas ou diurnas, me alimentava das expressões do povo. Gostava sempre me relembrar que toda aquilo se fazia lindo, por ser uma terra muito carregada de vibrações.
E dentre essas, me cabia respeitar e evoluir a cada diferença.
Continuei amando a esse lugar como meu, e que de fato é. Meu, teu e de qualquer um nesse planeta. Mas, além das coisas que aqui nos pertencem, amei o simples fato de ali me instigarem à apenas ser. E quando digo isso, é na mais pura essência.
Ser tua cor, teu gingado, tua beleza, ser único como tu é.
Porque aquela cidade grande cheia de prédios e ruas, continuava bela como a essência dela sempre me permitiu ver.