Câmara e Cabaré

Não estou mais acompanhando os noticiários da crise política pela tevê, mas minha filha sempre assiste uma parte deles. Não sou eu quem vai proibir e nem poderia.

Bom, ontem cheguei no apartamento com as compras do supermercado, vinha aos baques, cansado, suado e com medo que a asma desse as caras. A tevê estava ligada, era a sessão em que o relator da comissão do impeachment ia ler o seu parecer. Havia uma zoada danada, discussão em voz alta, empurrões, caras fantasiados de verde amarelo, outros com cartazes, uma anarquia, ninguém se entendia, a molecagem dando as cartas e jogando de mão, o que não é novidade.

Nem me interessei, fui colocar as compras na cozinha. Foi quando chegou uns coplegas do meu neto, estudantes do curso que antigamente chamavam científico. Dentre eles estava o mais engralçado, folgado e que tem uma tiradas arretadas. Nem é coxinha e nem petista, não sabe nadinha de política, nem eles e nem seus amigos, inclusive meu neto. Quando ele viu a zoada na televisão e a legenda dizendo que era a sessão da comisão de impeachment, afirmou em alto e bom som, para a distinta platéia: - Caraca, véio!, se jogarem uma bomba nesse cabaré vai voar caco de puta pra todo lado!". Todo mundo riu, lembrando da música "Bomba no Cabaré", até minha mulher que detesta essa música riu. Eu também ri, não nego, mas pensei que além de cômico, o desabafo do garoto era trágico porque é veradeiro, ele afirmou o quje pensa da câmara e dos deputados. Avalie se ele soubesse quem é o presidente da câmara, um cara mais sujo que pau de galinheiro.

É duro saber o que os jovens pensam d política e dos políticos. Acho que eles têm mais respeito pelas putas do que pelos políticos, e talvez tenham razão nesse ponto de vista. Ah, Brasil. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 07/04/2016
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