Prato cheio
Fim de semana de violência e revolta em Magé. Nem um nem dois, mas quatorze ônibus foram queimados, incêndios em vias públicas, distúrbios generalizados em decorrência do fato extremamente indecoroso e lastimável de uma criança ter "levado um tiro na cabeça enquanto brincava na frente de casa".
Será precipitação associarmos esses atos ao que vem ocorrendo no país, com as frequentes denúncias de corrupção, os desmandos dos que governam, face à situação em que nos encontramos, e a verdadeira batalha midiática entre os favoráveis e os não favoráveis ao governo?
Claro que distúrbios dessa natureza, infelizmente, não são novidade pra nós.
O medo, contudo, é que a sua reincidência se torne agora uma tendência em decorrência da situação política aflitiva que atinge a todos os cidadãos. Com as duas casas principais (Senado e Assembleia Legislativa) sendo presididas por políticos processados no STF, o envolvimento de pessoas do governo ou não em casos de corrupção, o impasse entre as forças governistas e as que lhes são contrárias, etc. Um prato cheio para o caos.
Esperamos sinceramente que nos venham dizer que esse pessimismo careça de qualquer sentido. E que também nele não se inclua espaço para o receio do envolvimento de forças militares, que ultrapassem a necessidade de manutenção da ordem, o que seria mais desastroso ainda.
Rio, 06/04/2016