MEMÓRIAS DO JOÃO BRÁULIO - Aula de Ciências no João Bráulio
Abaixo vai a narrativa de um fato acontecido comigo, no início dos anos 1960, durante uma aula prática de Ciências, ministrada por Marcela Krauss, inesquecível professora primária.
O texto faz parte do meu livro de memórias MENINO-SERELEPE (*)
Personagens da História
Marcela Krauss
Dito (Machado) - Na foto abaixo (número 1)
Guima - Na foto abaixo (número 2)
Outros colegas de classe daquela época -
Foto da formatura (1964)
Formatura Grupo João Bráulio (1967). Na foto, entre outros (2a. fila): Silvinho, Geraldo, José Elias, Dito, Marcos, Guima. (1a. fila): Rubens Nélson, Zé Luiz, Tomás, Alexandre.
Antigo Campo do Esporte - o palco da minha "tragédia"
Início das obras Estádio do Águas Virtuosas (1965). Anteriormente, neste local, havia um campo de futebol conhecido como Campo do Esporte.
Vocabulário de Aguinhas
Boi da guia - Animal que, em um carro de bois, faz parte da dupla dianteira.
Disgramado - Corruptela de desgramado = desgraçado [com eufemismo]: danado, levado do diabo, travesso.
Batendo orvalho - Expressão que indica o indivíduo que vai à frente numa caminhada pela manhã num trilho ou estradinha qualquer
Molhado que nem um pinto - Expressão que indica a pessoa estar toda molhada
Outras crônicas da Série JOÃO BRÁULIO
(*) Esta narrativa faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.
O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE ÁGUINHAS. Veja acima o tópico Livros à Venda.
Para dona Marcela, que me ensinou a Língua Pátria na Cartilha da Lili.
Abaixo vai a narrativa de um fato acontecido comigo, no início dos anos 1960, durante uma aula prática de Ciências, ministrada por Marcela Krauss, inesquecível professora primária.
O texto faz parte do meu livro de memórias MENINO-SERELEPE (*)
Aula de Ciências no Grupo João Bráulio
Nas sextas-feiras ocorriam as aulas de ciências e, como costumava acontecer alguma experiência, a criançada se punha em alvoroço, não só por isso, mas porque também a dona Marcela sabia dar uma aula dessas como ninguém.
Foi numa dessas aulas práticas que fomos excursionar na vargem do antigo Campo do Esporte, que ficava pertinho ali do Grupo João Bráulio, para estudar os girinos. Saímos todos nós, alegres, faceiros, levando vidrinhos para coletar as larvas dos anfíbios e também todo o material escolar, pois que, terminada a excursão, de lá mesmo seríamos dispensados. E dona Marcela nos conduzia, com cuidado, pelos alagados, mostrando, explicando a teoria de evolução dos girinos, que viviam na água, para os sapos, que viviam na terra, tese que seria provada com a coleta dos espécimes e a observação de seu desenvolvimento.
Eu era um dos mais salientes e palradores e — meio boi da guia — ia à frente, agitado, batendo orvalho e abrindo caminho para a turma, como que alardeando meus dotes de mateiro e pescador “experimentado”. Numa dessas, quando fui saltar um reguinho, a um descuido meu, o disgramado do Dito me dá um empurrão e eu caio, por inteiro, de roupa, sapato, bolsa, cadernos, livros e vidrinhos de girino, dentro d’água. E desse modo fui literalmente para o brejo! Foi uma correria, dona Marcela veio nervosa, me tirou da poça e ralhou com o Dito, que ficou lá com a cara lambida, dando uma de joão-sem-braço, mais inocente que o carneirinho de São João, dizendo eu não fiz nada, eu não fiz nada... (De’stá jacaré! A lagoa há de secar! )
E eu saí todo encharcado, molhado que nem um pinto, desmoralizado frente à turma que ria ao mesmo tempo em que se compadecia de mim. Dona Marcela me pegou, me abraçou, chamou uma charrete, me ajeitou fora do banco — e eu lá, pingando água suja! — e me levou para casa da vó Margarida, que hora dessas vó é um santo remédio...
Nas sextas-feiras ocorriam as aulas de ciências e, como costumava acontecer alguma experiência, a criançada se punha em alvoroço, não só por isso, mas porque também a dona Marcela sabia dar uma aula dessas como ninguém.
Foi numa dessas aulas práticas que fomos excursionar na vargem do antigo Campo do Esporte, que ficava pertinho ali do Grupo João Bráulio, para estudar os girinos. Saímos todos nós, alegres, faceiros, levando vidrinhos para coletar as larvas dos anfíbios e também todo o material escolar, pois que, terminada a excursão, de lá mesmo seríamos dispensados. E dona Marcela nos conduzia, com cuidado, pelos alagados, mostrando, explicando a teoria de evolução dos girinos, que viviam na água, para os sapos, que viviam na terra, tese que seria provada com a coleta dos espécimes e a observação de seu desenvolvimento.
Eu era um dos mais salientes e palradores e — meio boi da guia — ia à frente, agitado, batendo orvalho e abrindo caminho para a turma, como que alardeando meus dotes de mateiro e pescador “experimentado”. Numa dessas, quando fui saltar um reguinho, a um descuido meu, o disgramado do Dito me dá um empurrão e eu caio, por inteiro, de roupa, sapato, bolsa, cadernos, livros e vidrinhos de girino, dentro d’água. E desse modo fui literalmente para o brejo! Foi uma correria, dona Marcela veio nervosa, me tirou da poça e ralhou com o Dito, que ficou lá com a cara lambida, dando uma de joão-sem-braço, mais inocente que o carneirinho de São João, dizendo eu não fiz nada, eu não fiz nada... (De’stá jacaré! A lagoa há de secar! )
E eu saí todo encharcado, molhado que nem um pinto, desmoralizado frente à turma que ria ao mesmo tempo em que se compadecia de mim. Dona Marcela me pegou, me abraçou, chamou uma charrete, me ajeitou fora do banco — e eu lá, pingando água suja! — e me levou para casa da vó Margarida, que hora dessas vó é um santo remédio...
Personagens da História
Marcela Krauss
Guima - Na foto abaixo (número 2)
Outros colegas de classe daquela época -
Estudaram comigo no Grupo João Bráulio (Início dos anos 1960), entre outros: Rubens Nélson Miranda, Alexandre Bandeira, José Elias Simes, Dito Machado, Aluísio Machado, Heloísa Barros.
Foto da formatura (1964)
Formatura Grupo João Bráulio (1967). Na foto, entre outros (2a. fila): Silvinho, Geraldo, José Elias, Dito, Marcos, Guima. (1a. fila): Rubens Nélson, Zé Luiz, Tomás, Alexandre.
Antigo Campo do Esporte - o palco da minha "tragédia"
Início das obras Estádio do Águas Virtuosas (1965). Anteriormente, neste local, havia um campo de futebol conhecido como Campo do Esporte.
Vocabulário de Aguinhas
Boi da guia - Animal que, em um carro de bois, faz parte da dupla dianteira.
Disgramado - Corruptela de desgramado = desgraçado [com eufemismo]: danado, levado do diabo, travesso.
Batendo orvalho - Expressão que indica o indivíduo que vai à frente numa caminhada pela manhã num trilho ou estradinha qualquer
Molhado que nem um pinto - Expressão que indica a pessoa estar toda molhada
Outras crônicas da Série JOÃO BRÁULIO
(*) Esta narrativa faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.
O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE ÁGUINHAS. Veja acima o tópico Livros à Venda.