PERFEIÇÃO NOS MÍNIMOS DETALHES

Há poucos minutos, descendo pela Rua São José em direção à Praça Centenário, no centro da cidade, minha atenção foi despertada por uma plantinha rasteira, um baracinho inculto de folhas invaginantes, que se alastra sobre a superfície árida do passeio, nascido numa fresta estreita entre o muro e a calçada.

Sem que as pessoas lhe dêem a menor importância, a frágil plantinha ostentava, ou melhor, ostenta ainda – a menos que algum insensível a tenha arrancado nesse meio-tempo em que eu caminhei de lá até aqui – ostenta, repito, minúsculas florzinhas azul-claras e de anteras num amarelo muito vivo.

É uma plantinha silvestre, desprezível até, dessas que são continuamente pisoteadas sem que se lhe dê valor, que nunca mereceu um olhar observador, muito menos ser cultivada num jardim ou num vaso.

Numa exclamação muda, eu bradei para os meus pecados ou para minhas imperfeições: “Como a natureza é perfeita nos mínimos detalhes! Quão meticuloso é o Criador na sua criação! Quão pouca importância Ele dá ao julgamento estético e à escala de valores dos homens e continua criando tantas maravilhas!

Agachei-me e fiquei alguns minutos a contemplar a florzinha, não me importando com o que pensassem as pessoas que passavam. E foram muitas. Olhavam-me e certamente se admiravam, não das florzinhas, mas do meu “não ter o que fazer”, pensavam e iam adiante.

Ter o que fazer eu tenho e muito, mas é preciso e me faz bem observar e valorizar a natureza não só em sua grandiosidade, mas também nas mínimas perfeições.

Com todo cuidado para não arrancá-la, nem esmagar o caule, eu cortei um galhinho e trouxe-o comigo. Se a plantinha aceitar os meus cuidados num vaso, serei eu, certamente, o primeiro a cultivá-la.

Se todos aprendessem a tirar uns minutinhos diários para ver como Deus se esmera continuamente em manter nossa casa comum, o planeta Terra, sempre lindo, verde e florido, eu garanto que não haveria tantos estressados, tantos enfartados, tantos depressivos e safenados por este mundo de Deus.