Associação Anticorretores de Imóveis
Por ser um motorista bastante disciplinado, não ouso sequer tomar um único copinho de chope, quando preciso dirigir o veículo. Há pouco, a convite de familiares, fomos a um restaurante bem próximo de casa, para o qual podia eu ir a pé. Assim, não hesitei em tomar umas “loirinhas”, até porque se comemorava algo que eu também deveria brindar. Ali enfatizei que poderia ficar à vontade, pois estava bem próximo de casa, sem nenhum temor à Lei Seca, visto que retornaria a pé. Alguém da turma, que sabia da especulação imobiliária na área, já com algumas incorporações na minha rua, resolveu bradar para os que já estavam bem animados graças às “loirinhas:”
_ “Mora perto, por enquanto!”.
E eu, ainda confiante de que vou demorar, acrescentei: “criei uma associação anticorretores de imóveis.”
Sem saber, ali no grupo havia um corretor de imóveis, que, todo risonho, logo quis saber o motivo do meu sarcasmo.
Tive de responder que, analisando a economia atual, as propostas dos corretores não me passavam confiança. E isto logo se confirmou com a crise macroeconômica, atingindo em maior intensidade, justamente o mercado imobiliário. O fato é que, na minha rua, quem optou por incorporação deve estar tendo insônias, vendo sua casa demolida e nenhuma perspectiva de lançamento do novo edifício, onde seu apartamento é apenas uma promessa futura, com garantia apenas fiduciária.
Enquanto isso, os corretores que bateram à minha porta, ouviam sempre a minha cantilena: “só deixo meu cariri no último pau-de-arara.”
Quem quiser a minha casa, só com garantia real: “permuta por outro imóvel já pronto ou pela nossa atual moeda, cujo nome é real."