Grande merda

Há coisas que só acontecem nas cidades do interior e que a gente só acredita de duas, uma: ou porque testemunhou o fato ou porque uma testemunha ocular do dito cujo é pessoa séria e digna de confiança.

Vou contar um causo acontecido em Pesqueira que é verdadeiro, acontecido depois do golpe de 64 durante uma campanha eleitoral de cartas marcadas. Num domingo a Arena estadual, parece que a eleição era para uma vaga no senado,trouxe para animar o "metting" o Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Era carro chefe para abrilhantar os comícios dos partidários da ditadura, estava faturando o dele, tudo bem. Gonzaga cantou depois da meia-noite, o governo podia ultrapassar o limite da meia-noite, mas não a minguada oposição consentida. Bom, como estava muito tarde o cantor resolveu dormir na cidade, o hotel daquela época não era grande coisa,mas dava pro gasto.

Gonzaga acordou bem cedinho, tomou café eantes da viagem decidiu estirar as pernasdando um giro pela cidade, sozinho. ra segunda feira e estava ainda tdo fechado,o comércio sóabria depois das oito horas. Aberto só havia a barbearia nocentro da cidade. Àquela hora (ficosempre em dúvida, Angie, de tem ou não crase) na barbearia só havia um freguês, que era metido a comunista e o barbeiro estava cortando o cabelo dele e metindo que só a gota serena. Só havia outro cara no local, o sujeito mais ignorante da terra, encrenqueiro e pavio curto. Estava lendo um jornal antigo, os jornais da barberaia eram sempre antigos e neinguém reclamava. Gonzaga adentrou no Recinto, nem obarbeiro viu e nem o frequês metido a comunista. Só o pavio curto viu, o velho ignorante. Gonzaga entãodeu bom dia, o sujeito nemlevantou os olhos do jornal. Foi aí que Gonzagão errrou porque pergntou ao pavio curto: - Você não sabe quem eu sou? Eu sou Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Sem levantar a vista do jornal antigo o velho disse em alto e bom som: - Grande merda! O barbeiro então parou a mentira, era grande admiorador de Gonzaga, ficou nervoso querendo se desculpar, mas Gonzagão arretou-se e se retirou do local indignado. Nunca mais poria os pés naquela barberia.

O causo caiu na boca do povo, amaioria só fez rir,mas lamentando a ignorância do velho, afinal todo mundo gostava de Gonzagão,mas os contrários àditadura,inclusive o freguês que estava fazendo o cabelo, um cara de confiança e muito digno gostaram da irrever~encia do velho.

São coisas que a gente não esquece, faz parte da história da terra, ficam na nossa memória. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 02/04/2016
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