A T U C H A N D O!
07/12/2012
Tenho observado a rapaziada,amigos de meu filho,utilizarem o termo "atuchar" quando resolvem erguer o volume de som nas músicas que curtem.
Hoje,meio inspirado,liberei um de meus CDs e pedi ao Thiago,meu filho, para que "atuchasse" nas minhas preferidas.
Como tratava-se de uma coletânea de diversas músicas fui sugerindo aquelas de que mais gostava e...A T U C H A M O S!
Sou exagerado mesmo e convenhamos:ouvir "Creedence" ou "Beatles" sem um bom atuche,não tem a menor graça.
O dedo indicador deu uma apertadinha básica no botão do grave e "Hey Tonight" de Creedence balançou as estruturas certamente, perturbando alguém pela vizinhança não muito chegado ao gênero.
Curtir Creedence e não tentar umas investidas em passos de dança,chega a ser quase um sacrilégio.Então,de repente,a família tôda estava no clima.Thiago,um pouco mais moderado,parecia balançar uma cabeleira longa que nunca teve.Eu me vi tocando uma guitarra imaginária e acompanhando a música no "meu inglês",aquêle!...Elaborado no momento, de acordo com as necessidades.
Até a Polaca,costumeiramente muito discreta,sucumbiu à tanto atuchamento e acabei lhe pegando no flagra num remelexo. Impecável! Nada a dever àquêles dos saraus e bailes dos anos 70 que frequentávamos.
Foi,sem dúvida,um grande momento.Daquêles em que a gente se entrega à alegria,ao prazer que o singelo é capaz de proporcionar.
Há um ditado muito comum em nossa região que diz:
"Pobrete,mas...Alegrete".Alguns acrescentam ainda um "Tchê!",como condimento.
Assim,reconheço que a frase resumiu tudo o que fomos naquele momento.Passada a euforia,cada um retomou a sua rotina e o dia transcorreu numa boa.
Enquanto fazia a minha caminhada da tarde,refletia sobre a cena que agora descrevi e puz-me a ruminar algumas lembranças.Me dei conta de quanto o tempo passou (leia-se:Tô velho!) dêsde a época das radionetes e as serestas feitas com gravador e fitas cassete.Sou do tempo em que ouvia-se "Mark Davis" cantando Don´t let me cry e achava-se o máximo,comentando sobre "aquêle cantor Norte Americano" sem ter a menor idéia de que o distinto era o senhor "Fábio Jr" gravando em inglês como forma de driblar a censura que,na época, tesourava letras de músicas brasileiras.Nada que o desmereça,até porque,as canções eram bonitas e faziam muito sucesso.
Bateu uma pontinha de saudade da minha vila nos anos 70,da piazada das serestas.Osni,Adão,Arizinho,Messias,Cajo,Joâozão,Laco...E tantos outros.Um dêstes,que a morte o surpreendera,seresteia agora em outras dimensões.Os demais,por aí,sisudos senhores,sem tempo,compromissados,vão perdendo-se pelas esquinas da vida.
Eu,meio desajeitado com êste que sou,não perco a menor chance de curtir os balanços de que mais gosto.
Tô nem aí!,como diz a Luka em sua canção.Sou um sexagenário que ainda se empolga e deixa-se extravasar na emoção que alguns sons ainda me provocam.
Em outros momentos,percebo-me " brega",porém romântico,como agora quando tudo o que me vem à cabeça é nada mais,nada menos que:
"Dominique,Nike...Nike...rsrs..."
Joel Gomes Teixeira