A violência de luxo

Muito se fala sobre a violência. Cenário grotesco. Atitudes sanguinolentas. Sujeito que mata por pouca coisa. O famoso barraqueiro que têm a vergonhosa intolerância correndo nas veias.

E para essas pessoas sempre receita-se escola, bons livros, arte, cultura. Faço parte dos que creem que essas pessoas são recuperáveis.

Mas a violência que está nos assolando hoje é diferente. Está vindo dos bancos da faculdade, de pessoas abastadas, e, reverberando nas inocentes crianças - obviamente vítimas da violência circulante.

É uma violência refletida, assumida, convicta. Ignoram o espírito de compaixão e creem, como diz a música, que "uns nascem pra sofrer, enquanto o outro ri". Chamo de violência chique veio ensinar à violência comum como é ser violento de verdade - têm base doutrinária, apoio de notáveis, traços eruditos. É fiel aos princípios da barbárie.

Na verdade é a autêntica violência, é a violência-raiz. É a violência pura que cansou-se da etiqueta, das exigências dos salões bem frequentados, das máscaras, dos disfarces. Essa violência decidiu sair do anonimato e assumir-se.

A ala da paz e do amor está cada vez mais sem voz.

Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes)
Enviado por Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes) em 02/04/2016
Reeditado em 25/07/2023
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