DIÁRIO [32/03/2016]
01/04/2016 13h51
MURO E MUNDO
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Ao lado e aos fundos da minha casa estão fazendo duas obras civis. Está o puro barulho operado por serventes e predeiros. Tudo tolero, pois eu respeito e até invejo esse tipo trabalho. Mas algo se embaralha com barulho de betoneira, furadeira, martelo batendo lata, gente contando piada e rádio tocando música que não entendo. Na verdade há nisso tudo um tipo de animação que é completamente contrária ao meu estado de espírito. Estou no processo de escrita final de um trabalho que exige isolamento e concentração. Mas não existe muro que nos isole do mundo. Podemos até nos fechar e dizer: tudo que não sou "eu" a partir de agora fica de fora. Em uma tentativa de autismo intencional. Mas não tem jeito. O mundo salta o muro e nos violenta. Não há como hoje pretender um tipo de vida como o proposto por Henry D. Thoreau em Walden. Nem ele na época dele conseguiu se isolar morando na beira de um lago e comendo peixe que ele mesmo pescava. O lago congelava, e lá em New Hampshire aparecia aquele tanto de gente para pescar ou cortar gelo. Nesse momento ele parava do isolamento e ficava a observar o movimento. O mundo é imperativo: ele precisa da gente e a gente dele. A todo momento vive a nos dizer: "Você não está fora! Você me faz e eu te alimento". Quando esse meu atual momento passar vou me abandonar e dedicar-me totalmente ao mundo. Cansei-me do meu ego. Isso é prego! Enfim, nem mesmo João Gilberto (ele está vivo?) vive isolado em seu apartamento em Nova York, ele precisa de alguém para fabricar as cordas de seu violão e a todo momento alguém bate-lhe à porta para ali deixar o marmitex. E lá nas profundezas de sua cachola tem a memória do Juazeiro e da sua ponte do Ciúme unindo os dois lados do Velho Chico. O problema da viva é que ela é muito viva.
P.S.: Pesquisei, não há nada que acuse a morte do João Gilberto. Acontece que sua voz e o som do seu violão soam muito baixos.
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Feliz dia da mentira! Para todas as pessoas que tiverem a infelicidade de ler esse texto. Eu sinceramente espero que acreditem nisso que estou dizendo por meio de letras. As mentiras são inventadas para serem acreditas! É como no dilema paradoxal docretense mentiroso. Só os mentirosos dizem que não mentem! Por isso o que aconteceu hoje pelo recurso da mentira pode ser transportado para ontem. Aquele dia de 64 foi um infeliz dia da mentira!
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Goiânia, 01 de março de 2016.
(!!! Essa data não de mentira, foi erro mesmo)
(!!! Essa data não de mentira, foi erro mesmo)
DISPONÍVEL: http://www.joseeustaquioribeiro.prosaeverso.net/blog.php?idb=47093