As Vozes daqueles que não podem falar - Ato V

Ato V

“Por favor.”

Eis-me aqui, lhe pedindo, implorando e, ainda assim, faz-se de desentendido, finge que não ouve o meu grito desesperado. Ou melhor, ouve, mas de nada lhe importa. Por que deveria? Enquanto esse pedido por ajuda for belo e agradável, você está mais do que satisfeito em manter-me do jeito que estou: aprisionado.

Mas parece não notar que não sou igual a você. Que não gosto de estar confinado entre quatro paredes diminutas, sem nada além de água e comida para me entreter. Ouça-me, eu lhe imploro! Perceba o chamado desesperado por ajuda contido em minha bela voz!

Pois, como diz o ditado: “Passarinho preso não canta, se lamenta.”

Relato de um canto engaiolado.