O país dos fantasmas
O país dos fantasmas
“Ocupe todos os espaços”, máxima do finado Gramsci.
Fantasmas estão em toda parte. No campo. Nos bairros nobres, nas periferias, nos prédios públicos, nas praças sem velhos e crianças, oh, nos grêmios universitários, ali tem uma fantasmada duca.
Andiamo.
No vistoso site abemdaverdade.com.br você vai encontrar um dos
protagonistas do "Brasil Sistema Operacional 2016” e, dizem, um de seus proprietários atende pela alcunha de Lulinha.
O procurador Helio Telho, em entrevista para mídia desocupada (significa que ainda não está ocupada) alerta para escândalo gigante: R$500 bilhões. Nome do padrinho: BNDES.
Você ja ouviu falar dessas coisas? Fantasmas, colega, plus jogo de sombras, mentirada, você acha realmente que existe política no nosso rincão?
O que existe é um jogo para tomar o seu dinheiro. E do outro lado da cerca meia dúzia ou melhor seiscentos mil mascarados contam a féria. Só isso. Inexiste conexão com a sua pessoa, no sentido menos denso da coisa. A relação “deles" conosco chega a ser fantasmagórica. Não bastasse isso, durante um inofensivo passeio pela rua ocorre um encontro, e naquele momento em que se pensa: puxa, vai acontecer uma troca de idéias, pfiu, quem dera, mais um fantasma, desta feita ardiloso, sem noção, tosco, quiçá pérfido.
Fantasmas criam palavras-chave e conceitos dos mais garbosos. Com o título eleitoral no bolso, para uma eventualidade, ciente de que o ocupante da cadeira sairá para dar lugar a outro, ambos sem conexão conosco, caminho ouvindo maquiavélica cantilena dos próximos ocupantes: "grande conciliação pela governabilidade”, cujo ponto fundamental consiste em cortar os efeitos da Lava Jato através do dulcíssimo argumento de que "a política judiciária de caça às bruxas prejudica a economia, pois alimenta a instabilidade política".
Blasfêmia para os desvalidos que engrossam as filas das necessidades, sem entender bulhufas dos processos em andamento.
Quatro mil indústrias foram fechadas em São Paulo, em 2015.
Um grande amigo autor colocou as seguintes palavras, dia destes: "Alguém tem que dizer aos brasileiros quem os governa, e o Moro está fazendo isso, mas nem chegou perto do tamanho do crime de desvio de recursos do nosso Tesouro cometido pelo Foro de São Paulo sob o comando de Lula".
O mais incrível é que ninguém, em lugar algum, abre a boca sobre o Foro de São Paulo. Nem as perguntas básicas que qualquer estudante de jornalismo faria entram em vigor: existe algum relatório sobre o assunto? Se existe, o que contém? Será divulgado? Se não vai, por que? E isso não é ilegal?
Andiamo.
A dinâmica do caleidoscópio brasileiro causa engulho e vertigem, ao mesmo tempo. Se nos institutos - qualquer um deles - não houvessem fantasmas e sim brasileiros, a mensagem de 13 de março estaria incólume: Chega de fantasmas. Queremos vida!
Desembarcaram na Paulista Alckmim, Aécio e Marta. Saíram correndo sob caudalosas vaias. A camuflada Marina angaria prestígio em pesquisas pra inglês ver. Ops. Estamos aplaudindo o Frank Serpico brasileiro, sr. Sergio Moro, o grande homenageado do evento. Cada um de nós, encarnados, se inspira naquele que pode brandir a espada da justiça.
O máximo que podemos fazer, além de uivar pra lua, se resume em orar e vigiar.
Generalizando, a sociedade agoniza na morte por atacado, na carência galopante, apanha do descaso cafajeste do dito poder público, chafurda na ignorância e na barbárie regada a birita com farinha nos botecos, no falso orgulho, no pretenso saber, quando não em preguiça e demência, mal consegue atinar o estofo de uma luta titânica pelo Bem.
Os novaiorquinos de 1972 viram toda a sua força policial virada do avesso graças a integridade de um cara que além de nutrir verdadeira ojeriza face a corrupção entranhada na corporação tinha inclinação de berço para agir com precisão. Serpico sabia que num gueto escuro 3 caras estupravam uma menina com requintes de crueldade e ele foi para cima da gangue. Impediu que o mal se consumasse. Anos depois ele iria depor contra um tenente do Departamento de Polícia de Nova York acusado de aceitar suborno de traficantes. Tentaram matá-lo, e quase conseguiram.
Moro esteve em São Paulo ontem, guardado por 8 seguranças. Fantasmas detestam heróis. É óbvio que vão tentar brecá-lo de algum modo. Do contrário vai todo mundo em cana.
Os fantasmas nacionais permanecem num limbo eterno ribombando o gongo caduco, pestilento, enfadonho disco quebrado repetindo "capitalismo", "imperialismo", "ditadura", etc. Os homens de terno no planalto ensejam dramas calculados na medida desprezível que os leva a alfinetadas de salão, quando muito. Nada sai de seus bolsos. De honra nem se comenta, ninguém pode dar o que não tem. Pensando melhor, árvores más não darão frutos sadios.
O recado de 13 de março depreza interpretações: políticos, vocês não valem vossos salários, vossos encargos, vossas missões.
A novidade sobre a crise política brasileira não está em lugar nenhum, exceto nas pequenas moedas de esperança, não raro na forma de breves comunicações que vamos dando uns para os outros, cotidianamente.
Se acaso encontrar com algum fantasma, apenas diga:
"Este é o momento em que terá que escolher entre o bem e o mal, entre a ilusão e o Amor".
(Imagem: Robert Gober. ′′Perna sem título", 1989-90. Cera de abelhas, algodão, madeira, couro e cabelo humano. Nova Iorque)
O país dos fantasmas
“Ocupe todos os espaços”, máxima do finado Gramsci.
Fantasmas estão em toda parte. No campo. Nos bairros nobres, nas periferias, nos prédios públicos, nas praças sem velhos e crianças, oh, nos grêmios universitários, ali tem uma fantasmada duca.
Andiamo.
No vistoso site abemdaverdade.com.br você vai encontrar um dos
protagonistas do "Brasil Sistema Operacional 2016” e, dizem, um de seus proprietários atende pela alcunha de Lulinha.
O procurador Helio Telho, em entrevista para mídia desocupada (significa que ainda não está ocupada) alerta para escândalo gigante: R$500 bilhões. Nome do padrinho: BNDES.
Você ja ouviu falar dessas coisas? Fantasmas, colega, plus jogo de sombras, mentirada, você acha realmente que existe política no nosso rincão?
O que existe é um jogo para tomar o seu dinheiro. E do outro lado da cerca meia dúzia ou melhor seiscentos mil mascarados contam a féria. Só isso. Inexiste conexão com a sua pessoa, no sentido menos denso da coisa. A relação “deles" conosco chega a ser fantasmagórica. Não bastasse isso, durante um inofensivo passeio pela rua ocorre um encontro, e naquele momento em que se pensa: puxa, vai acontecer uma troca de idéias, pfiu, quem dera, mais um fantasma, desta feita ardiloso, sem noção, tosco, quiçá pérfido.
Fantasmas criam palavras-chave e conceitos dos mais garbosos. Com o título eleitoral no bolso, para uma eventualidade, ciente de que o ocupante da cadeira sairá para dar lugar a outro, ambos sem conexão conosco, caminho ouvindo maquiavélica cantilena dos próximos ocupantes: "grande conciliação pela governabilidade”, cujo ponto fundamental consiste em cortar os efeitos da Lava Jato através do dulcíssimo argumento de que "a política judiciária de caça às bruxas prejudica a economia, pois alimenta a instabilidade política".
Blasfêmia para os desvalidos que engrossam as filas das necessidades, sem entender bulhufas dos processos em andamento.
Quatro mil indústrias foram fechadas em São Paulo, em 2015.
Um grande amigo autor colocou as seguintes palavras, dia destes: "Alguém tem que dizer aos brasileiros quem os governa, e o Moro está fazendo isso, mas nem chegou perto do tamanho do crime de desvio de recursos do nosso Tesouro cometido pelo Foro de São Paulo sob o comando de Lula".
O mais incrível é que ninguém, em lugar algum, abre a boca sobre o Foro de São Paulo. Nem as perguntas básicas que qualquer estudante de jornalismo faria entram em vigor: existe algum relatório sobre o assunto? Se existe, o que contém? Será divulgado? Se não vai, por que? E isso não é ilegal?
Andiamo.
A dinâmica do caleidoscópio brasileiro causa engulho e vertigem, ao mesmo tempo. Se nos institutos - qualquer um deles - não houvessem fantasmas e sim brasileiros, a mensagem de 13 de março estaria incólume: Chega de fantasmas. Queremos vida!
Desembarcaram na Paulista Alckmim, Aécio e Marta. Saíram correndo sob caudalosas vaias. A camuflada Marina angaria prestígio em pesquisas pra inglês ver. Ops. Estamos aplaudindo o Frank Serpico brasileiro, sr. Sergio Moro, o grande homenageado do evento. Cada um de nós, encarnados, se inspira naquele que pode brandir a espada da justiça.
O máximo que podemos fazer, além de uivar pra lua, se resume em orar e vigiar.
Generalizando, a sociedade agoniza na morte por atacado, na carência galopante, apanha do descaso cafajeste do dito poder público, chafurda na ignorância e na barbárie regada a birita com farinha nos botecos, no falso orgulho, no pretenso saber, quando não em preguiça e demência, mal consegue atinar o estofo de uma luta titânica pelo Bem.
Os novaiorquinos de 1972 viram toda a sua força policial virada do avesso graças a integridade de um cara que além de nutrir verdadeira ojeriza face a corrupção entranhada na corporação tinha inclinação de berço para agir com precisão. Serpico sabia que num gueto escuro 3 caras estupravam uma menina com requintes de crueldade e ele foi para cima da gangue. Impediu que o mal se consumasse. Anos depois ele iria depor contra um tenente do Departamento de Polícia de Nova York acusado de aceitar suborno de traficantes. Tentaram matá-lo, e quase conseguiram.
Moro esteve em São Paulo ontem, guardado por 8 seguranças. Fantasmas detestam heróis. É óbvio que vão tentar brecá-lo de algum modo. Do contrário vai todo mundo em cana.
Os fantasmas nacionais permanecem num limbo eterno ribombando o gongo caduco, pestilento, enfadonho disco quebrado repetindo "capitalismo", "imperialismo", "ditadura", etc. Os homens de terno no planalto ensejam dramas calculados na medida desprezível que os leva a alfinetadas de salão, quando muito. Nada sai de seus bolsos. De honra nem se comenta, ninguém pode dar o que não tem. Pensando melhor, árvores más não darão frutos sadios.
O recado de 13 de março depreza interpretações: políticos, vocês não valem vossos salários, vossos encargos, vossas missões.
A novidade sobre a crise política brasileira não está em lugar nenhum, exceto nas pequenas moedas de esperança, não raro na forma de breves comunicações que vamos dando uns para os outros, cotidianamente.
Se acaso encontrar com algum fantasma, apenas diga:
"Este é o momento em que terá que escolher entre o bem e o mal, entre a ilusão e o Amor".
(Imagem: Robert Gober. ′′Perna sem título", 1989-90. Cera de abelhas, algodão, madeira, couro e cabelo humano. Nova Iorque)