VAIDADE. RIQUEZA INTERIOR.
A vaidade faz pensar o que não somos, sempre rastreada pela inversão de valores e caminha na procissão da mentira, do não-ser, pretendendo ser, e se mostra inteira na internet que nada oculta, em gestos, perfis e “saberes” existenciais que nada sabem e apregoam saber, no fosso do complexo dos que nada conhecem e pretensamente dizem conhecer.
Mas é necessário caridade para compreender e exercício da paciência para sublimar. Melhor aquietar o espírito que pode se expandir, do que deixar nua as vontades enganosas. Ao menos passar para o vaidoso o sinal de que aquele que tem riqueza interior, não necessita de palco ou aplausos. Quem tem riqueza interior nunca está só, não sofre de solidão.
A vaidade por vezes é irmã da ira, mesmo velada, que torna cinzento nosso discernimento e descarta a possibilidade de compreender as coisas mais simples. Corrói a alma, aniquila o vaidoso, que verdadeiramente nada tem para ostentar.
A vaidade, filha do pecado capital, é secundada por originário complexo na ansiosa necessidade de afirmação. Vive em teatro vazio de uma vida sem reconhecimentos que a febre da ilusão faz subir no palco das vontades irrealizáveis. E ouve aplausos incontáveis, inexistentes. É assim essa caminhada de sofrimento.
A vida faz conhecer profundamente personagens de muitas formas e em variados conflitos, fica fácil situar o que é importante do desimportante e, principalmente, compreender estigmas que marcam passagens, perfis e condutas. Nenhum grande personagem da história precisou da vaidade para ser reconhecido e festejado, Michelangelo a repudiava, Tomás de Aquino sem encerrar a Súmula, sua máxima obra, parou de escrevê-la dizendo que tudo que tinha escrito era palha, Kant, timidamente, nunca saiu de sua pequena Kronesberg, e revolucionou a filosofia moderna, Cristo, Filho de Deus, despojado dessa condição, com humildade, agonizando clamou "Pai, porque me abandonastes?".
Sepultemos a vontade de sermos o que não somos, afastando a contradição de nós mesmos.