GOLPE NO BRASIL
Nos últimos tempos a palavra que mais temos ouvido neste país é “golpe”. É um termo que caiu na vala comum da política, sendo proferido por direitistas e esquerdistas, situacionistas e oposicionistas, congressistas e governistas, em fim, por todos quantos têm seus interesses contestados.
Se os políticos da oposição conseguem avançar em suas investidas, para o governo é golpe; se os da situação obtêm alguma vantagem, para os da oposição é golpe; se na casa legislativa um pessedebista apresenta projeto contrário aos interesses do governo é golpe, se um petista defende um projeto que favorece o governo é golpe; se se levanta uma bandeira em favor do impedimento da presidente é golpe, se se faz o contrário também é golpe. Isto é, qualquer que seja a movimentação de qualquer que seja o lado, é golpe.
O país hoje vive um maniqueísmo horroroso e terrível. Se é petista é execrado, se não é petista é alienado. Ninguém pode ter a liberdade de posicionar-se conforme sua consciência. Ninguém tem o direito de pensar livremente. Ou se é petista ou está condenado, ou se é pessedebista ou está reprovado, ou se reza pela cartilha da esquerda ou está rejeitado, ou se defende os pontos de vista da direita ou está renegado.
O país está em trevas. O governo submerge num mar de lama por ele próprio criado e alimentado, a oposição combate sem confiança pelo seu passado criticado. Todos gritam horrores, mentem desvairados e ameaçam despudoradamente, valendo-se de forma descarada de sortilégios. Mas, eles esquecem que o país tem pessoas de bem, que desaprovam com rigor tais condutas e diante das quais os criminosos haverão de se penitenciar.
Não existe golpe em parte alguma. Existe cara desavergonhada que pensa ter o país um povo imbecilizado. Existe um governo traidor aos princípios constitucionais, com um projeto de poder contrário à tradição do povo brasileiro. Existe uma oposição atenta, que quer chegar ao poder para cuidar dessa tradição, mesmo com seus desvarios censurados por aquelas mesmas pessoas de bem.
Todos somos brasileiros. Devemos pensar numa abertura para um novo país. Renuncie o governo e se contenha a oposição, para florescer uma coalisão de forças capaz de fazer navegar em águas calmas a nau brasiliana da esperança de um futuro alvissareiro.