CINQUENTA E SETE ANOS DE ROMANCE
Hoje é um dia inesquecível para este escrevinhador de quimeras, pois completo cinqüenta e sete anos entre namoro, noivado e casamento com a loura querida, Maria Mari, mãe dos meus três filhos, Cássio, Ana Claudia, Daniel e agora avó de cinco adorados netos, Igor, Isabela, Victor, Guilherme e Tomás.
Conhecemo-nos numa missa domingueira na Igreja de Santo Afonso da Renascença, o bairro antigo e tradicional da Belo Horizonte pacata daquela época, 1959, trocamos olhares e do flerte passamos ao namoro, com direito a freqüentar a casa da moça, saborear o gostoso cafezinho com biscoitos caseiros e, vez por outra, os deliciosos jantares preparados pela sogra, de saudosa memória, Dona Geralda, na companhia do sogrão Nèginho e dos seus sete filhos, Maria Mari, Gracinda, Iara, Elaine, Rodelnégio, Joãozinho e Urbano.
A convivência alegre e feliz era completada, nos finais de semana, por serenatas que eu e meus irmãos, Aécio Flavio, Rubinho, Silvinho e José Afonso fazíamos, de madrugada, nas janelas dos quartos das moças.
O mano Aécio Flavio abria o fole do seu acordeom, o Rubinho dedilhava com esmero seu violão, Silvinho marcava o ritmo num bongô, eu abria o peito e soltava a voz, cantando os boleros de sucesso da época, como “Sabor a Mi”, “Solamente una Vez”, “Abrazame a Si”, “Perfídia”, “La Barca”, “Tu me Acostumbraste”, “Camino Verde” e outros.
Terminada a seresta, as luzes dos quartos eram acesas, meus sogros apareciam na varanda e nos convidavam a entrar para o cafezinho com biscoitos, que viria combater o frio da madrugada. Aí, ninguém dormia mais e era aquela festa, característica da tradicional hospitalidade mineira.
Hoje, com “Seu” Néginho, Dona Geralda e Joãozinho, meus manos Rubinho e Silvinho habitando os planos superiores, pois viajaram antes do combinado, só nos resta uma grande saudade de tudo aquilo que vivemos. Rogamos ao Deus Pai todo poderoso que os tenha em sua guarida, sob a benção dos anjos e dos querubins, até o dia em que nos encontraremos todos e que, juntos, possamos fazer uma bela serenata lá no Céu.
A você, Maria Mari, loura amada e querida, minha modesta homenagem por mais um ano em sua companhia!...
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B.Hte., 29/03/16