Tudo tem de mudar
O câncer não acaba com nossa vida, mas com a maneira como vivemos nossa vida, isso sim, acaba. Queiramos ou não, nós temos de mudar. Tudo tem de mudar. Vemos que certas coisas que parecem tão simples são mais importantes do que pareciam. Vi isto perfeitamente nos primeiros dias depois que mãe recebeu a segunda dose de quimioterapia: ela não podia recolher a roupa seca do varal, pedindo-me para fazê-lo, e tomar um banho era uma verdadeira epopeia.
Diante disto, eu me senti agradecida por poder trabalhar para limpar a casa, fazer a comida e lavar os pratos. Além disso, eu fui analisando e vendo a relevância de uma família unida, onde todos se importam com o bem-estar de todos. Quando as famílias se amam e são unidas, elas veem mais a necessidade de cada um dos membros que as compõem.
Eu ainda ando pensando em como, apesar de sempre dizermos que precisamos viver a vida, nós a estragamos de maneira estúpida, apegando-nos ao que é passageiro e superficial em vez de nos concentrarmos no que é realmente importante.
Bem, é verdade que sempre pensei nestas coisas sobre as quais estou escrevendo, mas nunca senti tanto a necessidade de viver isto. Parece ser a regra: temos de sofrer certos golpes para ver a importância da vida. Por que será que isto tem que acontecer? Será o ser humano irremediavelmente tolo?