Durante a noite a loucura vem.
Durante o dia vivo, durante a noite, penso. Penso nas coisas que disse, nas coisas que poderia ter dito. Penso nas melhores respostas que poderia ter dado e nas melhores situações que poderia ter vivido. Penso no que gostaria de viver daqui pra frente. Fantasio! Faço planos, crio metas, calculo minhas frustrações. É durante a noite que minha loucura aflora. Falo comigo, falo de mim, falo dos outros... Tudo isso mentalmente.
É durante a noite que lambo minhas feridas e espero cicatrizar. Se for preciso, sonho. Se inevitável, choro.
A noite é quando a esquizofrenia bate e os monstros saem do armário. As vezes penso em tudo que poderia ter sido e, por algum motivo, não foi. Penso nos meus erros, nos erros dos outros... Analiso a maldade do ser humano e a sua hipocrisia. Vejo a arrogância e a prepotência daqueles que se sentem maiores do que realmente são. E o que são ? Seres normais, medíocres, vulgares, como eu e como você. Seres que se perderiam facilmente na multidão. Seres que não marcarão a humanidade e não farão com que exista um antes e um depois significativo quando eles se forem. Ou seja, pessoas que não possuem nenhuma superioridade e mesmo assim acreditam tê-la. Pessoas que destratam os outros e se julgam corretas. Pensando nisso, perco um pouco mais da minha fé na humidade.
Durante a noite ... Durante a noite ... É nesse período que me permito entender meu eu. Algo que ninguém entenderia. Ou talvez exista um alguém nesse mundo louco que compartilhe da minha loucura. Talvez essa pessoa esteja buscando a mesma paz de espírito que eu tenho buscado e não tenho encontrado. Ou talvez não exista um alguém que complemente a nossa loucura e sim alguém que compreenda e aceite, simples assim.