O desconfortante imediatismo


Muitas pessoas  que fizeram a  experiência de colocar um grão de feijão em um algodão úmido,e observar, fazendo anotações diárias sobre a germinação e crescimento da planta,lembra-se que  o que importa é o fator tempo.

Uma gestação tem um tempo determinado,e se por acaso houver um parto prematuro,os cuidados deverão ser redobrados ,pois no que tange a parte neuro fisiológica, o bebê tem dificuldades de sobreviver ao meio ambiente.Do mesmo modo, esse bebê, jamais conseguirá caminhar, se antes não adquirir o estímulo sensório motor, necessário para ficar me pé,se equilibrar, e dar os primeiros passos,tem um tempo de maturação, essencial no processo.

Na aprendizagem, também ocorre o mesmo processo de maturação intelectual,não adianta explicar a teoria da relatividade de Einstein a uma criança, de 3 anos que está aprendendo a lidar com signos e sinais. Não se obterá resultados.

Bom, seguindo esse raciocínio,puramente biológico, chegamos a questão, o tempo é necessário nos processos físico,químicos e biológicos e nas questões sociais e relacionamentos interpessoal, o que dizer desse fator. O que sabemos é que a tecnologia aliada a essa vida tresloucada que vivemos,com informações instantâneas nos bombardeando, ficamos sim, querendo coisas de imediato mas em esperar, sem dar tempo para que os processos atuem e a resolução venha,após análise, estudos e experiências, quando for o caso, mas a ansiedade é extrema, não se  espera, ainda mais quando o resultado tende a ser desfavorável, aí então, sai de baixo... É cobrança para todo lado,queixumes e lamentos acerca da demora disto ou daquilo. Esperar ficou sendo algo ridículo e enfadonho. A pessoa crê, que não obtém resposta, ou não sabe de algo naquele momento, é desatualizada e descontextualizada, ela tem essa necessidade de ter respostas prontas.

Percebe-se nas redes sociais e também nos relacionamentos no trabalho, que as pessoas, querem respostas imediatas, como se o relacionamento humano, tivesse aderido ao "amizade fast food", tudo rápido, sem adentrar mais no emocional e sem preocupação com o outro lado da moeda. Só interessa o que eu quero, o resto é simplesmente, resto. 

Eu já tive problemas com esse imediatismo, quando recebi um e-mail, e não pude retornar, pois estava sem conexão; para o outro lado, foi como se tivesse deflagrada a 3ª guerra mundial, a pessoa se sentiu preterida, e me achincalhou, pois eu havia demorado 2 dias para responder um e-mail, que nem era urgente, enfim, não existe uma ponderação, e digo, por mim, sou ansiosa por natureza, mas tento me controlar e não cobrar das pessoas aquilo que elas não podem me dar ou que no momento, é inviável.

Para quem sofre a cobrança é um momento desconfortante, você ser cobrado de algo que não pode responder, ou mesmo não tem como antever o que irá acontecer, e seu " amigo" real ou virtual, desmorona emocionalmente, se há uma negativa ou ausência. Ganhamos com a tecnologia, isso não tem como retrucar, é maravilhoso, esse poder de se conectar e interagir com outros, mas perdemos em paciência, ficou um vazio enorme,o que aumentou exponencialmente a carência de todos. A ansiedade ganha e deixa uma lacuna que tão facilmente não será preenchida, mesmo que tenhamos boa vontade e apreço pelo próximo.
Há tempo para semear
Há tempo de germinar
Há tempo de colher, 
Mas  sempre há de se esperar...
Lia Fátima
Enviado por Lia Fátima em 28/03/2016
Reeditado em 16/10/2018
Código do texto: T5587267
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