Preces
Sentada no parapeito da minha janela dei-me conta de que, ainda que o mundo não existisse, eu teria você.
Quando a tarde cai no horizonte e a noite chega com sua decadência melancólica, a lua beija-me os cabelos e eu sorrio na doce constatação de que nos fazemos mundo e habitamos um no outro. Somos nosso próprio mundo. E esse mar de gente não nos interessa.
As portas de minh'alma abrem-se num sorriso e o cigarro que pende dos meus lábios junto ao vinho que desce pela minha garganta passa a não ter a mínima significância diante da memória de um beijo teu. Nada que antes me era calmante é capaz de superar a plenitude desse nosso roçar de lábios. Desse nosso abraço de corações. Desse nós, sem nós, apenas laços.
E quando a madrugada dá o ar de sua graça, eu rogo para que a manhã que sempre chega me traga sua presença física.
Pois somos um do outro. E sempre estamos juntos.
Pois somos um do outro. E nunca nos separaremos.