O Dialogo

Querido, leitor.

Esse é um dialogo fictício de minha autoria, sobre uma conversa entre dois amigos "Jonas" e "Mathias" que se conhecem desde a infância. Mas tem pontos de vistas bem singulares sobre a religião, um foi criado numa casa Cristã portanto tem a religião como hábito, o outro em uma casa pagam onde a religião não influenciava os membros familiares.

P.S

Em nenhum momento tenho a intenção de ofender ou criticar, a religião, o clero, ou a conduta de seus praticantes, apenas exponho um ponto de vista que visa discutir as relações sociais dos mais vastos e diversos assuntos da civilização moderna.

Obrigado e boa leitura.

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- A paz do senhor meu amigo. Disse Jonas com voz enaltecida ao cumprimentar Mathias.

- A ti desejo o mesmo, Responde Mathias com ar de preocupação.

-Então, leu o livro que lhe emprestei? Pergunta Jonas com certa ansiedade da resposta.

- Sim Jonas, eu li sim! Respondeu Mathias com uma resposta rápida e curta.

-Então gostou, meu irmão? Perguntando Jonas mais uma vez com ansiedade explícita ao amigo.

Exitando Mathias, responde de forma bem devagar e calma.

-Não me entenda mal Jonas, meu amigo, eu também quero acreditar. Mas peço que me entenda! Pra mim essa ideia é um tanto quanto absurda...

-Absurda!!! Como Absurda!!! O que quer dizer com isso de absurda, Mathias? Pergunta um tanto nervoso e com a testa a suar Jonas ao amigo que agora tende a vê-lo com outros olhos.

-Calmamente Mathias pede a Jonas que o escute primeiro e sem esbravejo.

- Por favor Jonas me ouça primeiro e se acalme.

Então Jonas de forma ríspida responde a Mathias.

- Diga então de uma vez por todas Mathias o que achou das escrituras sagradas?

- Assim como você eu também li, mas li de uma maneira diferente. Responde Mathias, quando derrepente é interrompido pelos rompantes insanos do amigo.

- Como assim leu diferente? Diz Jonas em tom de ironia, esbravejando e gesticulando muito, interrompendo Mathias novamente e por fim concluiu. Só podemos ler as sagradas escrituras de uma só maneira com os olhos de "Deus"!!!

- Pois é disso mesmo eu quero lhe falar, querido amigo. Responde Mathias mais uma vez com muita calma ao amigo, que a qualquer momento pode ter um infarto daqueles!

Mas desta vez por incrível que possa parecer, Jonas não o interrompe como de costume, pelo contrário o ouve atentamente, curioso e ao mesmo tempo reticente ao que ouvirá do amigo ateu.

Então Mathias, prossegue com seu pensamento.

-Enquanto você lê com a fé cega e muitas vezes irracional, eu leio com atenção aos fatos e acontecimentos dos costumes daquela civilização antiga que a cerca de seis mil anos já não existe mais. Eu vejo argumentação onde você vê milagres, vejo a historia e parábolas onde você interpreta revelações, vejo a fé no homem onde você vê apenas a fé na matéria e no dinheiro.

Calado Jonas, atentamente e com as pupilas dilatadas olha fixamente para Mathias, mas o silencio dura muito pouco e Jonas resolve se pronunciar.

- Então você se acha maior que a minha fé? Pergunta Jonas aos berros e com muitas gesticulações, apontando o dedo no rosto de Mathias.

- Você não passa de um completo idiota e ignorante! Exclama Jonas aos berros.

- Acha só porque leu as sagradas escrituras apenas uma única vez, com esses olhos que o "Demônio" te deu, o mesmo demônio que te deu esses livros amaldiçoados que você lê na sua instituição acadêmica e repassa esse conhecimento aos seus alunos. Instituição essa que eu nunca ei de por os meus pés! E vem aqui na casa de meu 'Deus" e acha que pode criticar a nossa fé! A fé Cristã!

Aos gritos histéricos e muito inconformado Jonas continua o seu ataque feroz ao seu ex- amigo.

- Olha que "Deus" tenha piedade da sua pobre alma, e que a irá do ''Senhor'' não recaia na sua cabeça, pelas heresias que saíram de sua boca amaldiçoada. Ajoelha-se Jonas no chão da igreja com as mãos levantadas, e olhando pro teto pedindo a misericórdia de "Deus" para o amigo infiel.

- Não surpreso com a atitude descontrolada e teatral do amigo, Mathias começa a falar.

- Se é assim como diz! Peço perdão a ti Jonas! Vejo que com minhas palavras expondo meu ponto de vista o ofendi! Não tive essa intenção, achei que por nos conhecermos desde a infância que poderíamos conversar sobre esse assunto de forma pacifica e racional. Me desculpe! Responde Mathias com voz baixa e calma, demonstrando humildade e complacência com o amigo histérico e furioso.

Com tom de ironia e muita dissimulação Jonas indaga o amigo.

- Então você admite que errou em seu comentário Mathias?

- Não pelo contrário! Eu sustento, afirmo e reafirmo tudo que falei anteriormente. Disse Mathias olhando nos olhos de Jonas, que parecia perplexo com suas palavras.

Gritando como sempre e gesticulando além do normal Jonas pergunta a Mathias.

- Então porque diabos, pedes perdão se não o sente? Enraivecido Jonas profana seu templo com palavrões de baixo calão em direção ao amigo, que não se ofende com a atitude pouco alinhada de Jonas.

- Por que apesar da minha opinião ser contrária a sua Jonas eu o respeito muito meu amigo, você é como um irmão pra mim, pois desde a infância quando brincávamos de cabra cega e pião, sempre fomos muito unidos apesar de nossas famílias serem tão diferentes e seus pais sempre quererem nos converter a sua religião! Mas nunca fizemos conta disso e pouco nos chateávamos com tais atitudes, eramos vizinhos e cultivávamos nossa amizade como se cultiva uma arvore que no futuro trará bons frutos. Mathias mais uma vez responde de maneira calma, educada e tranquila a Jonas, que se tivesse um arma consigo atiraria sem exitar no amigo, quebrando um dos mandamentos mais importantes do antigo testamento.

-Não me chame de amigo e nem menos de irmão! Pois a partir de hoje não me dirija mais a palavra quando me ver! Realmente somos muito diferentes e está na hora de separar o joio do trigo. Escute, "Deus", não aceitará essa sua heresia e seu castigo virá como um raio vindo dos céus. Jonas dizendo a Mathias com todo seu ódio e rancor por causa do amigo não aceitar, sua religião e ainda a criticar.

Então indaga o ateu. - Mas se 'Deus" é amor como diz as sagradas escritura. Você não acha que é um tanto que contraditório que seu "Deus'' lance toda sua irá sobre mim, apenas por eu descordar dele? E o livre arbítrio o que você me diz dele? Pergunta Mathias a jonas.

- Jonas sem saber o que responder e sem argumentos para retrucar com o amigo esbraveja mais uma vez.

- Comete um terrível pecado Mathias! Um terrível pecado! Vá embora e não volte mais!

Sem dizer uma palavra Mathias, dirigi-se até a porta e ao segurar a maçaneta por alguns instantes, parado de costas para o amigo, decide retornar. E de face a face com Jonas, resolve falar suas últimas considerações ao infame amigo.

- Você entendeu tudo errado Jonas! Não julgo "Deus'' pois não o conheço; mas julgo a ti, que conheço desde os nove anos, que quando levava a sua avó cega aos cultos de domingo a igreja. Aproveitava-se que todos estavam orando para assaltar a sacola de doação dos fieis. Comprando papagaios, carreteis e doces com um dinheiro que não lhe pertencia, que era destinado as obras da igreja. Não é verdade? E fez isso até os quinze e só parou quando foi pego pelo pastor Isaías. Diga! Estou a mentir? Diz Mathias com tom da voz alterada e olhar fixo nos olhos de Jonas, que se assusta com o que o amigo diz a seu respeito.

- Ora! Não diga tolices! Isso era coisa de criança, não existia maldade. Responde Jonas com voz tremula e com um leve gagueira.

- Você já tinha quinze anos, não era mais uma inocente criança, sabia a bíblia de cor e salteado era obreiro e a pessoa de mais confiança do pastor, seus pais ficaram tão envergonhados que até pediram para mudar de congregação.

- Isso não importa mais, faz muito tempo esse acontecido e não fale de meus falecidos pais. Pare de desviar o foco de nossa conversa pois o errado aqui é você. Responde rispidamente Jonas sem olhar para Mathias que não intimidado com a indiferença do amigo continua seu discurso.

- Eu sou o errado? Responde Mathias sem acreditar na dissimulação do amigo, mas mesmo assim continua.

-Por acaso sou eu quem ora aos berros e canta louvores a "Deus", e quando sai de seu tempo após ler passagens das sagradas escrituras. Mas quando é abordado na rua por um homem humilde e mal trajado, que lhe pede ajuda para saciar sua fome. Ouve da sua boca que não trabalha para dar dinheiro a vagabundo e se ele realmente quiser ajuda, que faça como você, peça a "Deus".

-Mentira!!! Mentira!!! Imundo e o demônio que fala, ele está te usando, eu nunca fiz isso "Deus" é minha testemunha!!! Exclama aos berros Jonas, serenamente Mathias continua a lembrar o amigo esquecido.

- Esquece que estava ao teu lado quando tal fato aconteceu, nos encontramos por acaso em frente a escola de onde nossos filhos estudam, eu para pegar Leandro para levar ao médico pois estava com forte dores de cabeça, e você trazia Aninha que tinha perdido a hora, eu em solidariedade ao pobre homem tirei a unica nota que tinha no bolso e lhe dei. Ainda lhe perguntei porque fazes isso? Lembra o que me respondeu?

-Não!!! respondeu Jonas com voz baixa e tremula.

-Você me respondeu assim! Se eu for dar esmola pra todo vagabundo ou pedinte, que aparece no meu caminho, vou trabalhar só pra sustentar essa raça.

-Silêncio, por alguns minutos o homem cheio de razões se cala e de cabeça baixa começa a chorar, só que Mathias não está mais a se importar em magoar o dissimulado amigo.

- Quantas vezes presenciei você entrar no seu carro de luxo, onde você colou um adesivo no para-choque que diz, "Deus é Fiel". Mas avança seu precioso bem, que fala as pessoas que foi "Deus"que te deu, encima de teu semelhante, que não terminou de atravessar a rua e ainda os xinga por isso. Por acaso sou eu quem faz isso, Jonas?

- Não diga bobagens pois todo mundo dirige assim, moramos em uma grande metrópole, e não há tempo para gentilezas cotidianas. As minhas obrigações na casa de meu "Deus" eu nunca deixei de cumprir!!! Responde Jonas com as de sarcasmo e ironia.

- Sim, Jonas!!! É verdade moramos em uma grande metrópole e muitas vezes e difícil sermos gentis sempre com quem está próximo. Responde Mathias.

- Viu é o que eu digo! As minhas obrigações são dentro da igreja o resto é o resto!!! Falou sarcasticamente Jonas referindo a Mathias que responde de imediato mais uma de suas grosserias.

- Só que você escolheu ministrar a palavra de "Deus", portanto tem o dever cívico, moral e cristão de ser um homem melhor ao teu próximo. Responde Mathias de maneira intimidadora ao homem que até minutos atrás considerava como a um irmão, que esbraveja novamente ao escutar tal critica tão avassaladora.

- Escute aqui seu herege! Quem é você pra falar assim comigo? Você não acredita em "Deus" é ateu. E eu sou um homem de "Deus"! Olha eu tentei "Deus" é minha testemunha! Eu tentei! Eu tentei! Fazer o favor de salvar sua alma, mas percebo que é um caso perdido, que se dane! Responde Jonas cuspindo fogo refererindo-se a Mathias que não deixa barato e responde com sarcasmo.

-Pois bem! Parabéns Jonas, demostra ser um ministro sensato e benevolente somente com aqueles do seu circulo fechado, desprezando com desdenho e ferocidade a quem não se impõe a suas regras e vontades. Espere já ia me esquecendo! Aqui está o livro que emprestou-me, muito obrigado. Jonas pegou o livro em silencio sem olhar para o amigo, que continua a despejar seus sentimentos.

-Sinto muito mesmo que nossa conversa não tenha levado a lugar algum, Percebo que para você a fé material que é a verdadeira fé e que "Deus" não passa de um doador de milagres e riquezas. Infelizmente eu não vejo porque seguir tão irracional e hipócrita fé. Espero do fundo do meu coração que um dia você reflita e se arrependa de tudo isso, que diz e não pratica, e que você veja que a casa de "Deus" não é um clube fechado onde somente os frequentadores tem direito ao conforto e a sua palavra.

Fim.