VITA BREVIS
Às vezes tenho a mania de parar à noite e ficar olhando para a amplidão do universo com o qual deparo da janela do meu quarto.
Assim, fico a refletir diante da imensidão do espaço e do tempo desse nosso universo. Fico a pensar na passagem de cada indivíduo por aqui, e fico pensando o quanto somos pequenos diante dele.
Mesmo aqueles bem aventurados em idade, aqueles que passam dos noventa, dos cem, cento e dez... parecem insignificantes diante do que vejo e imagino da janela do meu quarto.
Numa reflexão mais atenta, era de desanimar a cada dia que visse findar, pois sinto que caminho diuturnamente para o fim da vida; vida que mais se parece com um único suspiro de tão ínfima que ela me parece nesses momentos. Mas, talvez por isso, talvez mesmo por essa assombrosa e efêmera existência, eu deva valorizar cada segundo dela, cada suspiro.
Fazemos parte desse grande universo, residimos num planeta entre outros milhares e aí temos a noção de quanto somos pequenos, de quão rápida é a nossa estadia aqui.
Da janela do meu quarto, vejo a existência humana tão curta, tão única, tão séria para vivermos a qualquer maneira, só que também a a vejo tão leve, tão suave, tão breve... que essas invenções de tantos métodos para o bem viver que se propagam diariamente parece-me uma danada perda de tempo. Já dizia Roberto Carlos, é preciso saber viver. De fato, é preciso saber essa vita brevis.