LENDA VIVA DO FUTEBOL BRASILEIRO
Sábado meio chuvoso, véspera da “Páscoa”, sigo com meu neto Victor para o costumeiro almoço no “Batatas”, estômago já roncando de fome e o pensamento fixo nas gostosuras do meu restaurante favorito.
Em lá chegando, baita surpresa:- sentado à mesa junto à parede lateral do restaurante, trajando blusa amarela e calça branca, sorrisão largo e alvo da curiosidade geral, ninguém mais nem menos que o famoso “Dadá Maravilha”, acompanhado da sua esposa.
Noto que os garçons estão em polvorosa. Natural, pois a maioria deles torce pelo Clube Atlético Mineiro, um dos muitos clubes onde jogou Dario, o centro-avante que “parava no ar como um beija-flor”, do jeito que ele mesmo costuma apregoar.
Sirvo-me da deliciosa comida e acomodo-me três mesas após à do casal, enquanto vemos num dos telões do “Batatas” o “Globo Esporte” e os lances da partida de ontem entre o Brasil e o Uruguai, na “Arena Pernambuco”, no Recife, onde a seleção canarinha começou com furor, fazendo 1 x 0 em apenas 30 segundos de jogo. Todavia, os uruguaios tinham Luiz Soares, o dentuço-mordedor e companheiro do nosso Neymar no “Barcelona”, o qual jogou muito, infernizou a defesa brasileira e marcou um gol na partida (Cavani fez o outro), que terminou num amargo 2 x 2 para o técnico Dunga e, de resto, todos nós, brasileiros.
Da sua mesa, Dario (“Dadá Maravilha”) observava, sorridente, os lances do jogo e comentava com a sua mulher. Lembrei-me da sua brilhante trajetória, com um total de 926 gols feitos na carreira, vestindo as camisas do Campo Grande, no Rio de Janeiro, onde surgiu, passando pelo Atlético Mineiro/BH, Flamengo/RJ, Sport/PE, Náutico/PE, Nacional/AM, Coritiba/PR, Internacional/RS, Ponte Preta/SP, Paysandu/PA e Bahia/BA, consagrando-se como um dos grandes artilheiros do futebol verde e amarelo.
Vieram-me à mente suas famosas frases de efeito, como “Para toda problemática existe sempre uma solucionática”, ou “Com Dadá em campo não tem placar em branco”, ou ainda “Não existe gol feio, feio é não fazer gol”.
Em 1970 ele, Dario, integrou a “Seleção Brasileira” que disputou a Copa do Mundo no México, mas não chegou a atuar. O centro-avante titular era Tostão, um dos artilheiros da competição junto com Jairzinho, na qual o Brasil conquistou sua primeira copa mundial.
Terminado meu almoço, dei uma paradinha junto à mesa do casal, cumprimentei-os e disse ao Dario da minha admiração pela sua carreira, frisando que o vi jogar no Recife, em Pernambuco, tanto pelo "Náutico" (meu time lá), como pelo “Sport”. E testemunhei, para sua grande alegria, tê-lo visto saltar para um cabeceio e “parar no ar, como um beija-flor”, num jogo entre o “Sport” e o “Santa Cruz”, façanha à qual ele se atribui sempre. Desejei “Boa Páscoa” ao casal e retirei-me com meu neto Victor, já mentalmente elaborando esta minha crônica.
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B.Hte., 26/03/16