Inocência

Na bagunça no revirar de algumas lembranças, ontem, na roda com os amigos, veio a tona a ingenuidade de um momento.

Eu tinha 18 anos, minha irmã sendo três anos mais nova - dezesseis. Década de 90 e nós lá na efervescente rua Augusta. Nas esquinas até ai, só rolava bota de couro e se é que me entende e por uns troco o consolo. Baixo centro, hoje imunda, um breu. Naquele tempo, Las vegas era ali com suas saunas perfumadas.

Dentro da casa curtiamos rock'nroll. Sem prévio aviso, fui avisada; "o juizado tá ai!" e logo em seguida...: "vão levar tua irmã!". Corri, naquele tempo já tinha uma ideia de como funciona o sistema prisional para crianças e adolescentes, e era pra Febem que eu achava que ela iria. Quando criança, assisti Pixote, somente isso que vinha a minha mente naquela hora.

Me apressei e disse ao moço:

“ela é minha irmã!”

dai ele disse:

“ela é de menor, e boate não é o seu lugar”

Foi pega de surpresa a inocência, pois fiquei indignada com a fala dele e respondi:

“mas não estamos em uma boate!”

Ele disse que sim.

Que boate é todo estabelecimento que funciona a noite, serve bebida e toca música. Como é bela a inocência. E, eu que achava que boate era sinônimo de casa de tolerância (risos)..

Sandra Frietha
Enviado por Sandra Frietha em 26/03/2016
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