Nunca em Cima do Muro
Em vez de dar a um político as chaves da cidade,
seria melhor trocar as fechaduras.
Doug Larson
seria melhor trocar as fechaduras.
Doug Larson
Meu texto da semana passada rendeu-me alguns desaforos. Expor uma opinião, ainda mais sobre um assunto que tem sido tratado de forma tão passional, é sempre um risco.
Pelo mesmo viés, também recebi elogios. Um deles veio justamente sob a forma de uma crítica, em que fui acusada de falta de isenção. Adorei. Nunca quis ser imparcial.
Para quem ainda não entendeu, sou contra o impeachment. Não porque acredite na inocência de Dilma, mas porque não há ninguém na linha sucessória que mereça a minha, a sua confiança, vide lista recém divulgada dos esquemas da Odebretch.
Opa! Vide, não! O justiceiro, digo, o Juiz Sérgio Moro colocou-a sob sigilo. Afinal, ele também não é nada equânime e havia alguns de seus partidários entre os 200 nomes de políticos citados. A propósito, eu tenho direito, senão a obrigação, de me posicionar. Ele, como magistrado, não.
Mas, deixemos de lado o novo herói dos anti-petistas e voltemos a falar da nossa enlameada classe política. Fica cada vez mais notório que não há virgem nessa zona. E se é tudo farinha do mesmo saco, me identifico mais com a linha de governo do PT do que com o neoliberalismo do PSDB ou o vai-da-valsa do PMDB que sempre apoia qualquer governo, a não ser quando, como agora, lhe é apresentada a oportunidade de ascensão.
Em parte, a atual crise do poder público é culpa de Dilma. Como em qualquer governo, cargos políticos são moeda de troca por apoio e dificilmente são colocadas neles as pessoas mais competentes para as tarefas necessárias a uma gestão pública de qualidade. No PT, foi ainda pior, primeiro pelas características de sua formação sindicalista e, depois, para manter o apoio dos partidos da base aliada, sob ataque pesado da oposição e da mídia (de quem também espera-se neutralidade, num mundo ideal). Porém, penso que a situação se agravou porque a presidente ainda não conseguiu governar, sufocada por acusações diárias veiculadas com alarde, ainda que sem provas que as sustentem.
Então, meu amigo, não me peça para ser isenta. Não fui diante da urna e mantenho a minha opção. Só espero que você a respeite, porque é assim que funcionam as democracias.
Texto publicado na edição de hoje do Jornal Alô Brasília.
Pelo mesmo viés, também recebi elogios. Um deles veio justamente sob a forma de uma crítica, em que fui acusada de falta de isenção. Adorei. Nunca quis ser imparcial.
Para quem ainda não entendeu, sou contra o impeachment. Não porque acredite na inocência de Dilma, mas porque não há ninguém na linha sucessória que mereça a minha, a sua confiança, vide lista recém divulgada dos esquemas da Odebretch.
Opa! Vide, não! O justiceiro, digo, o Juiz Sérgio Moro colocou-a sob sigilo. Afinal, ele também não é nada equânime e havia alguns de seus partidários entre os 200 nomes de políticos citados. A propósito, eu tenho direito, senão a obrigação, de me posicionar. Ele, como magistrado, não.
Mas, deixemos de lado o novo herói dos anti-petistas e voltemos a falar da nossa enlameada classe política. Fica cada vez mais notório que não há virgem nessa zona. E se é tudo farinha do mesmo saco, me identifico mais com a linha de governo do PT do que com o neoliberalismo do PSDB ou o vai-da-valsa do PMDB que sempre apoia qualquer governo, a não ser quando, como agora, lhe é apresentada a oportunidade de ascensão.
Em parte, a atual crise do poder público é culpa de Dilma. Como em qualquer governo, cargos políticos são moeda de troca por apoio e dificilmente são colocadas neles as pessoas mais competentes para as tarefas necessárias a uma gestão pública de qualidade. No PT, foi ainda pior, primeiro pelas características de sua formação sindicalista e, depois, para manter o apoio dos partidos da base aliada, sob ataque pesado da oposição e da mídia (de quem também espera-se neutralidade, num mundo ideal). Porém, penso que a situação se agravou porque a presidente ainda não conseguiu governar, sufocada por acusações diárias veiculadas com alarde, ainda que sem provas que as sustentem.
Então, meu amigo, não me peça para ser isenta. Não fui diante da urna e mantenho a minha opção. Só espero que você a respeite, porque é assim que funcionam as democracias.
Texto publicado na edição de hoje do Jornal Alô Brasília.