Jesus a caminho do Calvário
Sexta-Feira da Paixão. Acho que convém nos desligarmos um pouco das tensões e da agitação do momento para refletir sobre os sofrimentos de Jesus Cristo, a tortura e crucificação de quem foi vítima para redimir a humanidade. Sempre releio, neste dia, um trecho do livro "A Vida de Jesus, de Plínio Salgado que copiei numa velha agenda. Vou transcrevê-lo para os amigos do RL que não o conhecem:
"Jeus vem vindo, arrastando penosamente a cruz, e arrastando, mais pesada ainda, a procissão que se estende, que se desdobra atrás dele carregada de cólera. Está desfigurado. O sangue vivo cobre-lhe o semblante; mistura-se com a poeira do caminho e emplasta-se sobre os coágulos enegrecidos que mancham a barba. Cambaleia, hesita, dobra os joelhos, soergue-se em arrancos, num vagar minucioso de movimentos, marcado pela cadência da respiração que se entrecorta num ranger rouco de espasmos.
"Ao chegar emfrente à mulher, detém-se e fita-a. As mães conhecem esse olhar, quando seus filhos vão morrer. Conhecem-no, também, de certa forma, aqueles que foram,alguma vez, objetos de afeição máxima dos agonizantes.
"A palavra humana não sabe reproduzir a tonalidade desse afeto dos moribundos. É um olhar que beija, quese despede, que pede desculpa pela dor que causa, que rememora toda uma existência e desperta em turbilhão todos os pormenores vividos e todos os sentimentos experimentados.
A mulher sótem duas palavras:
- Meu filho!
Essas palavras saem num grito e resumem a sensibilidade universal.
Jesus responde, a voz rouca, entrecortada de cansaços extremos:
- Minha... mãe".
P.S. Feliz Páscoa paa todos. Abraço.