Papo de Quiabo

Acho uma besteira a discussão sobre inteligência e habilidade. É uma baboseira que leva, quem discute, do nada a lugar nenhum.

Para mim, a meia dúzia de intelectuais (oumetidos a) são de um ridículo abissal quandp afirmam(ou insinuam) que inteligente é somente quem ecreve livros ou é grande orador. Ou entãoque é é sumidade em matemática, física, química... Os demais, mesmo muito bons nas suas atividades, teriam apenas habilidade. O danadfo é que a maioria das pessoas aceita essa definição idiota de inteligência.

Tem mais: a maioria aceita a meia verdade e chega a pensar, pasmem, que só é intectual o sujeito amarelo, pálido, com óculos de fundo de garrafa e que só escreve e fala coisas que ningué, entende. Parêntese, apenas para ilustrar o que estou dizendo e provar o quanto o povo é ingênuo: por volta de 1950, Zé Américo enfrentava Rui Carneiro na campanha para o governo do estado da Paraíba. Zé Américo falava bonito, frases de efeito, poéticas, imagens belíssimas, incendiava a multidão, mas lhe faltava o molho popular. Foi aí qie Rui Carneiroblou um golpede mestre, habilidoso político que era: nos sus comícios começava seus discursos assim: "Paraíbanos, meus irmãos, cheguei agora mesmo no Constelation da Panair (ou era Varig?). E castigava embolando a língua na palavra "CONSTELEICHÓN" (soava assim). Era um arraso, a massa ia à loucura, diziam os populares: "Eita cabra pra falar bonito, fala at[e in ingreizi". Rui Carneiro ganhou a eleição. Fecho parêntese.

Detesto essa definição elitista de inteligência. É algo ridículo. Mais: acho qe inteligente é quem tem habilidade para fazer algo bem feito. E isso em qualquer campo da atividade humana. Tanto faz ser um Dostóievski, Mozart, Picasso, um grande inventor e também o grande chofer, a cstureira, o mecânico, o músico, o médico, o veterinário, o cantor, o artesão... Parêntese 2: há uma espécie de inteligente que respeito demais,é a grande cozinheira (ou cozinheiro); Para mim é uma artista. Vou dar uma palinha sobre um filme que assisti. Foi sobre uma cozinheira, "A Festa de Babette". Uma cozinheira, no século passado, muito famosa nos grandes hotéis de Paris, é perseguida acho que por motivos políticos e então se refugia numa pequena cidade da Dinamarca. Vai trabalhar para duas solteironas. Um trabalho mónótono mas que ela faz com prazer.A cozinheira recebe um prêmio de uma loteria e resolve gastar esse prêmio, muio dinheiro, numa festa de gala de arromba para as duas solteironasreceberem seus amigos, incçusive im general que fpra o grande amor de uma das solteironas. Ela importa todos os produtos necessários a um jantar das mil e uma noites. É lindo assitir à modificação das pessoas enquanto vão degustando as iguarias, ficam ernas, carinhosas, perdoa, ujmas a outras, fazem autocrítica, se reconciliam, ficam felizes... No final quando todos saem, uma das solteironas diz a Babette, a cozinheira: "Você gastou todo o seu dinheiro no jantar e agora ficou pobre de novo". A cozinheira ri e diz convicta: "Um artista nunca é pobre!". Fecho parêntese.

Desculpem esses parênteses, admito que este papo de quiabo está qualquer coisa de chato. Mas o que desejo enfatizaré que inteligência é apenas uma palavra que, usada de maneira elitista, se banalizou. Vou ser sincero: prefiro habilidade, competência, criatividade e o molho do artista. E o carinho com que eçle executa a sua arte e trta o seu instrumento de trabalho.

Pessoalmente tenho uma maneira própria de avaliar a habilidade ou, vá lá que seja, a inteligência (criatividade) de um artista. Sabem como? Vendo como esse artista trabalha. Vou dar alguns exemplos. Estou ficando caduco e só sei argumentar com exemplos. Certa vez assisti a uma partida do Botafogo (o time que torço com tanta paixão quando elo meu Sport) contra o Santa Cruz. Foinesse jogo que o hal-esquerdo doSanta, Ilzo, agrediu Garrincha e impediu que Mané mostrasse a sua arte; Mas anao é Garrincha que quero salientar, mas Didi, o inventor da "Folha Seca", o príncipe etíope de rancho, como Nelson Rogrigues o apelidava. Didi não jogou uma grande partida, mas deu uns passes em profunidade que pagaram o ingresso. Mas o que achei arretado foi a meira carinhosa com que ele pegava a bola com as mãos quando ia ajeitá-la para bater uma falta. Parecia que esyava carregando uma jóia rara, um biscuit, a mulher amada. Didi era um artsta. O mesmo vale parauma cozinheira que conheço. Vou compará-la com outra. A primeira pega uma carnede segunda e a trata com carinho, corta com cuidado, enfeita, bta ternura e seu molho particular, prepara a carne nos trinques e, resultado, a carne de segunda vira filé. A segunda pega um filé arretado, crta de todo jeito, desajeitadamente, nãoentende de tempero, enfim, faz com que o filé se transforme em carne de segunda. Vou dar mais um exemplo. Admiro muito as costureiras e modistas, talvez porque minhamãe gostasse muito de costurar. Acho a costureira uma artista. Era o caso de uma amiga de minha esposa de Pesqieira. Os vestidos que ela fazia se confundiam com aqueles vendidos nas boutiques famosas dos grandes centros. Era admirável a maeira carinhosa com que eça tratava o pano, a máquina, como cortava o tecido, provava e etc e coisa e tal. Mas a prova de sua grande arte,pude comprovar, fui testemnha ocular, foi quando minha filha se formou em medicina. Ela exigiu que eu entrasse com ela na solenidade de formatura, ainda tentei me substituir por um dos meus irmãos, mas ela permaneceu irredutível. Procurei um terno mas nao achei um que ficasse bem em mim. Aamiga costureira soube e mandou chamar minha esposa e dsse: "Amiga traga o corte de tecido que eu faço o terno dele". Prego batid e ponta virada: o terno ficou impecável. Olha, quem faz um terno para um sujeio desajeitado como eu e fica bom é uma grande artista. Lembro ainda um saudoso amigo violonista, o cuidado que ele tinha com seu violão, o carinho com que ele tirava e botava a capa. Era como se o seu violão fosse uma pessoa querida da família.Ealémm disso tocando era um virtuose.

Pòderia citar ene exemplos do carinho e amor de artistas por sua arte. Esse carinho, repito, é o que faz transformar carne de segunda em filé.

Apesar de fascinado pelo trabalho dos artistas, sou uma nulidade total nas artes. Sou apenas um consumidor da ate. Graças a Deus nisso. consumir, sou bom. E isso me basta. Conversei bastante miolo de pote neste papo de quiabo. Desculpem. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 24/03/2016
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