crushs, likes e mentiras
A que ponto chegamos. Melhor, vou transformar em uma pergunta: A que ponto chegamos? Não sei, essa é a questão. Tenho tantas dúvidas na minha cabeça, que poderia encher esse texto somente com elas. Mas não irei fazer isso. Tentarei em vez disso, focar no problema. Não diria que seja um problemão, mas é um problema.
Tenho de confessar que sinto um certo arrepio, quando ouço falarem os termos criados pela nova geração, para tratar da palavra amor. É "crush" pra lá, "shippa" pra cá. Nem sei ao certo como se escreve isso, mas já sinto aquele arrepio. Me irrita, e muito.
Tudo bem, as novas gerações sempre criam esses termos ligados ao inglês, mas eu nunca entendo. Também, pode ser facilmente explicado pelas coisas que escrevo:
"Aonde o vento soprar a pétala.
Da rosa que nunca quis.
Peço a ele por favor.
Não esqueça do meu amor."
Uma única estrofe já é o suficiente, para entender o que estou falando. Sim amor pra mim é algo nobre. Tão nobre que já o estudei, para saber o que pensam os grandes filósofos.
Platão dizia que amor é desejo. Você ama aquilo que deseja, e deseja o que não tem, e quando tem, não ama mais. Muito justo e muito existente no nosso dia a dia. Somos preparados desde criança para amar como Platão diz.
Aristóteles, por sua vez, discípulo rebelde e pentelho de Plantão, dizia que amor é alegria. Sentir-se alegre pelo que você já tem. Muito mais difícil de se praticar. Imagine só se eu iria amar as minhas coisas ao invés das que o meu irmão tem. Loucura isso. Imagina só se eu iria amar a minha namorada que já estou a cinco anos. Capaz.
E é claro existe o amor mais nobre e mais trouxa de todos: O de Cristo. Amar o próximo e fazer tudo pela sua felicidade, mesmo que o mesmo não se sinta feliz conosco. Ser trouxa. Mas um trouxa de coração puro.
Seja por Eros, Filia ou ágape, amor é um caso interessante de ser estudado. Muito lindo quando você consegue unir os três ao mesmo tempo. E ai está o que me irrita, essa futilidade que criamos nos nossos relacionamentos.
Entre "crushs" e outras coisas mais, deixamos o lado filosófico do amor de lado. A visão poética. Não nos damos conta que essa futilidade, tem gerado cada vez mais, padrões comportamentais e de beleza, sem acrescentar em nada, o que realmente possa ser significante em nossa vida. Sim porque o "crush" é sempre o mais bonito ou mais bonita. Amamos menos, na verdade, bem pouco.
O amor é castigante, monótono, chato, mas é lindo. Só quem o tem, sabe o que é de verdade. Quem tem alguém ao seu lado e o ama não fala em "crush". Fala em amor mesmo. O mais simples possível.
Não torne o amor intocável. Não crie um padrão. Não cultue ninguém. Amor é simples, o mais simples possível. Vem do nada e te carrega para um outro mundo. Seja menos "crush" e mais "amor".