PÁGINAS AMARELAS...
Por um acaso um velho caderno, de páginas amarelas, de poesias veio ter ás minhas mãos...
Teria sido escrito quando a sua dona tinha os seus quinze anos, e em suas páginas apresenta um punhado de poesias, colhidas a esmo, autorais e de expoentes da poesia brasileira e portuguesa...
Mas, dá uma idéia do que se passava na mente da jovem e a quantas andava o seu coração...
Não me retenho em enumerar os expoentes brasileiros ou portugueses, nem de analisar os poemas autorais de minha amiga, nem de seus companheiros de escrita, pois o meu pensamento e preocupação foram além do que me foi apresentado pelo acaso...
Digo apenas que todos os poemas deste caderno de páginas amarelas perfazem uma gama de sonhos e ansiedades próprias daquela idade, talvez próprias de todos os nossos jovens ainda hoje...
Mas chamaram a minha atenção a elegância de suas palavras, a coerência, a leveza e a fluidez nos escritos autorais, de minha amiga e de alguns de seus companheiros de escrita...
Reflito a partir deste contato com o velho caderno de páginas amarelas de poesias, com o que estamos fazendo com a nossa juventude...
Pois tenho encontrado inúmeras vezes jovens sem coerência na fala, sem elegância nas palavras, sem leveza, sem fluidez, pois o seu discurso trás o peso de fatos do tempo corrente, e com muitos recortes...
Assim, quais as bases em que estamos formando os nossos jovens?
Sem acentuar um juízo de valor, seja positivo ou negativo, preocupa-me neste momento a questão!
Não pode ser plausível que o passado tenha sido melhor do que o nosso presente...
Seja enquanto pai, escritor, membro em comunidade, trabalhador, pessoa, o que estamos fazendo em prol de nossa juventude?
Se deixarmos que a formação de nossos filhos fique a cargo de outros, a cargo do estado, que gerencia nosso sistema de educacional, não estaremos nos esquivando de nossas responsabilidades?
E se darmos as costas para os avanços tecnológicos não estaremos perdendo uma oportunidade de ouro para educar nossos filhos?
Se enquanto sociedade permitirmos apenas que nossos rebentos se formem segundo a vontade de nosso tempo, consumista, midiático, exibicionista, individualista, narcisista, qual futuro estaremos legando á posteridade?
Embora tudo tenha um lado bom, é crivo meu acentuar que no atacado estamos ofertando o que há de pior ás nossas crianças e jovens...
É crivo meu acentuar que no varejo estamos ofertando, a um preço muito alto, o que de melhor podemos dar aos nossos filhos, ou o que nos deixam dar...
Preço este, pago com nossas vidas, escravizadas em trabalhos estafantes, em empregos e sub- empregos, distantes de nossas casas...
Situação mantida por um sistema político e econômico neo-liberalista que privilegia os indivíduos, e que a guisa de uma estabilidade social mínima distribui aos menos favorecidos “benefícios sócias” que os coloquem em um suspeito pé de igualdade com os demais membros da sociedade...
Mas, no frigir dos ovos, salve-se que puder!
É também crivo meu de que as classes mais bastadas dão aos seus filhos um melhor preparo, tendo em vista uma melhor consciência da realidade...
Os demais dão ao rebentos o que podem, ou o que sobra, mas permeados de sonhos, de esperanças, que em uma grande maioria dos casos redunda em pesadelos...
Meus argumentos podem ser refutados, em muito melhorados, rejeitados, mas a questão permanece: O que estamos fazendo com nossos filhos? Com o futuro de nossas crianças?
Por mais que os indícios apresentados pelo caderno de poesias de páginas amarelas, que o acaso deitou em minhas mãos e olhos, sejam pessoais e tenham sido trabalhados pela individualidade de minha amiga e companheiros de escrita, é fato que se não definem a todos, ao menos fazem parte de sua construção...
Qual o estofo de nossos rebentos? – Para o bem ou para o mal,realidade, sonhos ou pesadelos?
Quanto a mim, assumo que tenho mais questões do que respostas, pois sou um cronista do tempo... E prefiro assumir as minhas duvidas a ser um vendedor de placebos, que enfim não curariam nenhum mal...
Mas o fato, é que vejo por onde a minha vista alcança as crianças que me parecem alijadas de sua criancice, de sua juventude, tendo já um futuro possível podado antes de acontecer...
A educação em casa parece deficiente, a escolar idem, a das ruas influente...
E antes de culpar pais e mães, prejulgar os jovens, prefiro questionar sobre o que estamos fazendo com nossos jovens, pois a responsabilidade é de cada um de nós...
E um lugar ao sol, não está à disposição de todos, cabendo a cada um apenas se posicionar o melhor possível diante dele...
Mas, terá que ser sempre assim?
O passado não foi melhor do que o presente, mas dá ao meu entender a impressão de que perdemos o rumo...
O caderno de poesias, de páginas amarelas, de minha amiga e companheiros, com poesias de expoentes brasileiros e portugueses reforça esta minha impressão...
Se perdemos o rumo ainda não temos tempo de acertar na direção?
Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
24/01/2016
Por um acaso um velho caderno, de páginas amarelas, de poesias veio ter ás minhas mãos...
Teria sido escrito quando a sua dona tinha os seus quinze anos, e em suas páginas apresenta um punhado de poesias, colhidas a esmo, autorais e de expoentes da poesia brasileira e portuguesa...
Mas, dá uma idéia do que se passava na mente da jovem e a quantas andava o seu coração...
Não me retenho em enumerar os expoentes brasileiros ou portugueses, nem de analisar os poemas autorais de minha amiga, nem de seus companheiros de escrita, pois o meu pensamento e preocupação foram além do que me foi apresentado pelo acaso...
Digo apenas que todos os poemas deste caderno de páginas amarelas perfazem uma gama de sonhos e ansiedades próprias daquela idade, talvez próprias de todos os nossos jovens ainda hoje...
Mas chamaram a minha atenção a elegância de suas palavras, a coerência, a leveza e a fluidez nos escritos autorais, de minha amiga e de alguns de seus companheiros de escrita...
Reflito a partir deste contato com o velho caderno de páginas amarelas de poesias, com o que estamos fazendo com a nossa juventude...
Pois tenho encontrado inúmeras vezes jovens sem coerência na fala, sem elegância nas palavras, sem leveza, sem fluidez, pois o seu discurso trás o peso de fatos do tempo corrente, e com muitos recortes...
Assim, quais as bases em que estamos formando os nossos jovens?
Sem acentuar um juízo de valor, seja positivo ou negativo, preocupa-me neste momento a questão!
Não pode ser plausível que o passado tenha sido melhor do que o nosso presente...
Seja enquanto pai, escritor, membro em comunidade, trabalhador, pessoa, o que estamos fazendo em prol de nossa juventude?
Se deixarmos que a formação de nossos filhos fique a cargo de outros, a cargo do estado, que gerencia nosso sistema de educacional, não estaremos nos esquivando de nossas responsabilidades?
E se darmos as costas para os avanços tecnológicos não estaremos perdendo uma oportunidade de ouro para educar nossos filhos?
Se enquanto sociedade permitirmos apenas que nossos rebentos se formem segundo a vontade de nosso tempo, consumista, midiático, exibicionista, individualista, narcisista, qual futuro estaremos legando á posteridade?
Embora tudo tenha um lado bom, é crivo meu acentuar que no atacado estamos ofertando o que há de pior ás nossas crianças e jovens...
É crivo meu acentuar que no varejo estamos ofertando, a um preço muito alto, o que de melhor podemos dar aos nossos filhos, ou o que nos deixam dar...
Preço este, pago com nossas vidas, escravizadas em trabalhos estafantes, em empregos e sub- empregos, distantes de nossas casas...
Situação mantida por um sistema político e econômico neo-liberalista que privilegia os indivíduos, e que a guisa de uma estabilidade social mínima distribui aos menos favorecidos “benefícios sócias” que os coloquem em um suspeito pé de igualdade com os demais membros da sociedade...
Mas, no frigir dos ovos, salve-se que puder!
É também crivo meu de que as classes mais bastadas dão aos seus filhos um melhor preparo, tendo em vista uma melhor consciência da realidade...
Os demais dão ao rebentos o que podem, ou o que sobra, mas permeados de sonhos, de esperanças, que em uma grande maioria dos casos redunda em pesadelos...
Meus argumentos podem ser refutados, em muito melhorados, rejeitados, mas a questão permanece: O que estamos fazendo com nossos filhos? Com o futuro de nossas crianças?
Por mais que os indícios apresentados pelo caderno de poesias de páginas amarelas, que o acaso deitou em minhas mãos e olhos, sejam pessoais e tenham sido trabalhados pela individualidade de minha amiga e companheiros de escrita, é fato que se não definem a todos, ao menos fazem parte de sua construção...
Qual o estofo de nossos rebentos? – Para o bem ou para o mal,realidade, sonhos ou pesadelos?
Quanto a mim, assumo que tenho mais questões do que respostas, pois sou um cronista do tempo... E prefiro assumir as minhas duvidas a ser um vendedor de placebos, que enfim não curariam nenhum mal...
Mas o fato, é que vejo por onde a minha vista alcança as crianças que me parecem alijadas de sua criancice, de sua juventude, tendo já um futuro possível podado antes de acontecer...
A educação em casa parece deficiente, a escolar idem, a das ruas influente...
E antes de culpar pais e mães, prejulgar os jovens, prefiro questionar sobre o que estamos fazendo com nossos jovens, pois a responsabilidade é de cada um de nós...
E um lugar ao sol, não está à disposição de todos, cabendo a cada um apenas se posicionar o melhor possível diante dele...
Mas, terá que ser sempre assim?
O passado não foi melhor do que o presente, mas dá ao meu entender a impressão de que perdemos o rumo...
O caderno de poesias, de páginas amarelas, de minha amiga e companheiros, com poesias de expoentes brasileiros e portugueses reforça esta minha impressão...
Se perdemos o rumo ainda não temos tempo de acertar na direção?
Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
24/01/2016