Dias molhados
Outro dia de chuva. Olho pela janela, e parece que o dia está a chorar. Todo aquele cinza, deprimente e triste, espalhado pelo céu. Sei bem, que chuva é algo bom, que rega a natureza e nos mantém com água, mas por que a chuva tem que parecer tão triste? Parece que em dias chuvosos, a vida de certa forma para, não temos vontade de nos mexer, desejamos ficar em casa, solitários, ou apenas na companhia de algo que nos distraia. De fato, existem pessoas que gostam de chuva, várias delas aliás, porém, em sua grande maioria, mesmo sem admitir, as pessoas sentem se tristes ao ver chuva.
Decido que preciso me levantar, e noto outro fato curioso, parece que em dias de chuva, você precisa pegar uma bela gripe. Meu corpo dói, minha cabeça gira, e meu nariz parece ter uma bola dentro, que não me permitia respirar normalmente. Meus ânimos caíram ainda mais. Porém, sem muita escolha, levantei e decidi que iria enfrentar, e prosseguir, na verdade esta decisão foi tomada mais com base nas minhas obrigações, e no fato de não poder abrir mão delas. Levantei me de fato, e me olhei no espelho. Que visão assombrosa me olhou de volta, com aspecto velho e doente, de quem não dormia a muitos dias, cuja pele começava a descascar, e cheia de manchas. Maquiagem, esta deve ser a solução.
Vou para o banho, o chuveiro parece me envolver. O calor da água ao atingir meu corpo é revigorante, e parece dar me outra energia. Sinto a água escorrer pelo meu corpo enquanto pego o sabonete e começo a lavar me. Lavo os cabelos e começo a me animar em relação ao dia, pensamentos positivos e esperanças surgem no íntimo do meu ser. Termino o banho, sinto me renovada. Desligo o chuveiro, e toda a esperança se vai. O vento frio atinge meu corpo, e me faz sentir além de gelada, desprotegida. Busco a toalha ao meu redor.
Visto a roupa escolhida, quente e aconchegante, embora não suporte usar muitas blusas, não tenho outra opção. Olho me no espelho, e percebo que pareço pesar dez quilos a mais do que realmente peso. Odeio frio. Começo a usar o kit que emergência, conhecido como maquiagem em meu rosto, e logo percebo que as coisas podem melhorar. Esfrego, passo, espero e moldo com o pincel. Ao fim parece estar tudo resolvido, perfeito, porém lembro me, estou sem óculos. Caminho devagar, o tomo em minhas mãos e começo a olhar me no espelho. De fato, quando não se enxerga bem, pareço ter acertado, porém agora não me parece muito bom.
Sem escolha, saio como estou, e começo a caminhar. Olhando ao meu redor, noto que as pessoas estão cheias de roupas, as moças sem maquiagem, e cheias de cachecóis e lenços. Noto também a cara de desconforto que cada um deles demonstra e chego a conclusão. Não sou a única que odeia o frio.
(Odeio usar casaco, odeio frio, odeio calor, amo reclamar)