Nem tudo é o que parece

Naquela rua ecoou um grito alto, era perigoso andar por lá, principalmente durante a noite. Pobre infeliz que se atreveu desobedecer a lei infame. O grito persistia e todas as casas acenderam as luzes na tentativa de visualizar o que acontecia ali. O acender das luzes afugentou o causador dos gritos, ninguém aparecia, somente a virgem ensanguentada ao chão.

O socorro chegou dos vizinhos mais próximos e posteriormente os fofoqueiros de plantão tomaram a rua. Tomada pelo pânico a pobre menina quase não conseguia dizer o que acontecia. Nessa altura, os fofoqueiros espalhavam que a pobre tinha sido desvirginada por um depravado, que a agarrou, abusou e fugiu antes da patrulha chegar... Aliás, a patrulha nem saiu do lugar! Dias antes, o prefeito decretou falha na segurança da cidade por falta de abastecimento das patrulhinhas... Outro absurdo!

Sorte do prefeito não ter demitido o coveiro da cidadezinha, senão quem haveria de abrir na terra a morada da excelência?

“- Ora pois, não souberam vocês que o Chico Tiro ao Alvo alvejou o prefeito com uma bala de prata bem na fuça do infeliz?”

Mal sabiam as fofoqueiras que a viúva estava à postos e ouvia todo o mexerico, rindo por as “maricotas” não saberem que foi ela mesma, mulher do Jeca Mais Malandro – o prefeito -, quem encomendou a morte do marido pra ficar com a herança do maldito. A infeliz só esqueceu que terá de dividir a fortuna com o Sr. Zé da Venda, irmão de Jeca Mais Malandro, e Maria Lavadeira, Mãe de Luna Inocente, a virgem do início da história, que só foi mordida por um cachorro maluco e, pobre, não sabia da infelicidade de menstruar justamente na hora da mordida.

Eduardo Costa (Apresentador)
Enviado por Eduardo Costa (Apresentador) em 22/03/2016
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