Mensagens que edificam - 168

Já era noite quando o último caminhante chegou. Depois de um exaustivo dia de sol escaldante, bolhas nos pés não faltavam, e o suor que já havia vertido e secado evidenciava na pele brilhosa o cansaço do corpo que pedia um banho revigorante, um bom prato de comida e uma cama para recuperar as forças, afinal a jornada ainda era extensa e extenuante. A noite foi uma criança, todavia esgotada e entregue ao mais profundo dos sonos, sem direito até mesmo a sonhos. Os primeiros raios de sol denunciam um novo dia, e é hora de levantar acampamento e por os pés na estrada. Ociosidade é um privilégio para quem já chegou, nunca para quem está no meio do caminho. Pequenos intervalos para molhar a cabeça e beber merecidos goles de água fresca são o máximo permitido como subentendido pretexto de sobrevivência. E assim segue o curso de quem vê na trajetória, não uma tragédia existencial, mas um lapso de tempo que cria uma experiência que jamais será esquecida, antes fortalecida pelo esforço, o consolo de que a chegada é um laurel que não tem preço. Sem sacrifício, a vida pode ser um desperdício. Até mesmo os chamados ossos do ofício elucidam que por vezes sofrer é um exercício para se aprender que não há fim sem início.

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 21/03/2016
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