Saudade do cheiro da minha infância
Abriu sua caixa postal eletrônica, e se deparou com uma frase, uma simples frase. No entanto, forte o suficiente para remetê-la a quilômetros de distância... Interessante, essa capacidade humana!.
Tinha boas lembranças da sua infância, alias, uma infância, rica de histórias. Considera-se hoje, uma adulta madura, catada das suas muitas experiências que foram se acumulando dia após dia; portanto, impossível dissociar-se do que quer que tivesse vivido.
Fechou os olhos, permaneceu em silêncio, e em poucos segundos, como num passe de mágica, estava lá, de volta no tempo, captando cronologicamente, cada cheiro. Sim, porque na sua infância, houve muitos cheiros importantes.
Na condição de segunda filha, de uma prole de dez filhos, desde muito cedo recebeu obrigações que sempre procurou cumprir com presteza, embora nem sempre com alegria, pois, desde a mais tenra idade, tinha que Intercalar as tarefas domésticas com os períodos de estudos e brincadeiras e, com certeza esse fato é um caos para qualquer criança em qualquer tempo.
Seu genitor, que trabalhava como pedreiro, saia muito cedo de casa e só voltava a noitinha, cansado, trazendo na sua bolsa de couro, a marmita vazia, e as vezes, o lanche da tarde, que ganhava na firma, mas que sempre guardava para os filhos. Apostar corrida até o portão com os irmãos, pra saber quem primeiro daria o abraço no pai e, lógico, pegar a bolsa para conferir o presente diário era sagrado. Esse foi o primeiro cheiro que lhe veio a mente. O cheiro do suor sagrado do pai, sempre presente na sua vida, lembrando as responsabilidades dos seus atos.
A mãe, uma batalhadora, costurava incansavelmente para ajudar no orçamento familiar. Dela são as lembranças dos melhores cheiros! Cheiros, que enchiam a boca d’água. Ela sempre soube combinar os temperos e, mesmo com as dificuldades, fazia milagres na cozinha. “O seu dom culinário, certamente, recebeu o estímulo dela”. O cheiro do seu cafezinho e os bolinhos de chuva, hum! Mas o cheirinho de pão quentinho, esse era especial. Dia de pão caseiro era dia de piquenique no quintal, ou quando ela deixava, em algum terreno baldio próximo da casa, sem correr risco algum!
Os banhos, ah! Esses eram feitos em bacia de zinco, o cabelo era o primeiro a ser lavado (recomendação materna), para não ficar duro de espuma, pois as brincadeiras com o sabonete, aconteciam sempre, e não se tinha muita água, para o enxague. Era bom demais, porque o cheirinho do sabonete “vale quanto pesa”, ficava impregnado no corpo e no cabelo.
Lembrou-se que, no auge dos seus 10 anos, acompanhava seu irmão mais velho nas suas idas, logo cedo, às hortas e granjas, para comprar verduras, para o consumo de casa, e para revenda na vizinhança. Por ser nos arrabaldes da cidade, o caminho das hortas e granjas, era um verdadeiro paraíso, recheado de arbustos, árvores, mato, flores do campo, e ninhos de passarinhos. Ficavam, entretidos por longo tempo, ela, a procura de flores silvestres, porque, mesmo gostando muito de rosas - suas flores preferidas, descobrir novas flores do campo, era um dos seus prazeres. Ele, atrás dos ninhos. Para isso, ficava observando de longe, para não espantar os filhotes. Momentos únicos, nos quais o som do silêncio, o vento nos cabelos, o cheiro do mato molhado pelo orvalho da noite ( cheiro que até hoje, exerce um fascínio tremendo nas suas emoções), eram saboreados inocentemente, como só uma criança sabe fazê-lo.
Um ruído próximo a faz despertar dos devaneios e, meio desorientada, percebe como o tempo e a distância podem ser relativos. Inda há pouco, era uma criança colhendo flores silvestres e, de repente, está de volta, de frente para a tela do computador.
Ainda em estado de graça, olhando para a tela à sua frente, analogicamente, compara o HD –Hard Disk e a mente humana. Ambos, com as mesmas funções, guardam informações para serem utilizadas futuramente, bastando, pra isso, apenas usar a ferramenta certa!
Abriu sua caixa postal eletrônica, e se deparou com uma frase, uma simples frase. No entanto, forte o suficiente para remetê-la a quilômetros de distância... Interessante, essa capacidade humana!.
Tinha boas lembranças da sua infância, alias, uma infância, rica de histórias. Considera-se hoje, uma adulta madura, catada das suas muitas experiências que foram se acumulando dia após dia; portanto, impossível dissociar-se do que quer que tivesse vivido.
Fechou os olhos, permaneceu em silêncio, e em poucos segundos, como num passe de mágica, estava lá, de volta no tempo, captando cronologicamente, cada cheiro. Sim, porque na sua infância, houve muitos cheiros importantes.
Na condição de segunda filha, de uma prole de dez filhos, desde muito cedo recebeu obrigações que sempre procurou cumprir com presteza, embora nem sempre com alegria, pois, desde a mais tenra idade, tinha que Intercalar as tarefas domésticas com os períodos de estudos e brincadeiras e, com certeza esse fato é um caos para qualquer criança em qualquer tempo.
Seu genitor, que trabalhava como pedreiro, saia muito cedo de casa e só voltava a noitinha, cansado, trazendo na sua bolsa de couro, a marmita vazia, e as vezes, o lanche da tarde, que ganhava na firma, mas que sempre guardava para os filhos. Apostar corrida até o portão com os irmãos, pra saber quem primeiro daria o abraço no pai e, lógico, pegar a bolsa para conferir o presente diário era sagrado. Esse foi o primeiro cheiro que lhe veio a mente. O cheiro do suor sagrado do pai, sempre presente na sua vida, lembrando as responsabilidades dos seus atos.
A mãe, uma batalhadora, costurava incansavelmente para ajudar no orçamento familiar. Dela são as lembranças dos melhores cheiros! Cheiros, que enchiam a boca d’água. Ela sempre soube combinar os temperos e, mesmo com as dificuldades, fazia milagres na cozinha. “O seu dom culinário, certamente, recebeu o estímulo dela”. O cheiro do seu cafezinho e os bolinhos de chuva, hum! Mas o cheirinho de pão quentinho, esse era especial. Dia de pão caseiro era dia de piquenique no quintal, ou quando ela deixava, em algum terreno baldio próximo da casa, sem correr risco algum!
Os banhos, ah! Esses eram feitos em bacia de zinco, o cabelo era o primeiro a ser lavado (recomendação materna), para não ficar duro de espuma, pois as brincadeiras com o sabonete, aconteciam sempre, e não se tinha muita água, para o enxague. Era bom demais, porque o cheirinho do sabonete “vale quanto pesa”, ficava impregnado no corpo e no cabelo.
Lembrou-se que, no auge dos seus 10 anos, acompanhava seu irmão mais velho nas suas idas, logo cedo, às hortas e granjas, para comprar verduras, para o consumo de casa, e para revenda na vizinhança. Por ser nos arrabaldes da cidade, o caminho das hortas e granjas, era um verdadeiro paraíso, recheado de arbustos, árvores, mato, flores do campo, e ninhos de passarinhos. Ficavam, entretidos por longo tempo, ela, a procura de flores silvestres, porque, mesmo gostando muito de rosas - suas flores preferidas, descobrir novas flores do campo, era um dos seus prazeres. Ele, atrás dos ninhos. Para isso, ficava observando de longe, para não espantar os filhotes. Momentos únicos, nos quais o som do silêncio, o vento nos cabelos, o cheiro do mato molhado pelo orvalho da noite ( cheiro que até hoje, exerce um fascínio tremendo nas suas emoções), eram saboreados inocentemente, como só uma criança sabe fazê-lo.
Um ruído próximo a faz despertar dos devaneios e, meio desorientada, percebe como o tempo e a distância podem ser relativos. Inda há pouco, era uma criança colhendo flores silvestres e, de repente, está de volta, de frente para a tela do computador.
Ainda em estado de graça, olhando para a tela à sua frente, analogicamente, compara o HD –Hard Disk e a mente humana. Ambos, com as mesmas funções, guardam informações para serem utilizadas futuramente, bastando, pra isso, apenas usar a ferramenta certa!