ajudei um velho bêbado a levantar do chão e chegar em casa

No alto do morro (subi-lo me deixa de língua de fora) vejo um velho caído no chão. Ele tenta levantar,uma, duas vezes, não consegue. Eu chego perto dele, sento no chão e pergunto se ele está bem.

- Não consigo levantar.

Eu digo:

- Vamos lá! Fique sentado.

Mil e um , mil e dois, mil e três, conto até mil e vinte e sete.

-Vamos lá! Vamos ficar de pé.

Ele segura no meu braço e levantamos.

-Onde o senhor mora?

- Na primeira travessa.

(Graças a Deus, eu penso).

- Vamos lá! Uma perna de cada vez!

Ele está cachaçado, tem as unhas compridas, sujas. Os dentes amarelecidos, a roupa imunda, fedida.Apesar do calor de 40 graus veste casaco. Pergunto quanto anos tem. Só tem dez anos a mais que eu.

Vamos andando beeeem devaaaaaagaaaaaaar. São só uns cem metros.Eu vou abraçado firme no ombro dele.

- É aqui.

- AQUI ONDE TEM ESSE PIT BULL?!

- Não, na minha casa não tem cachorro.

Na próxima casa uma escada de cimento sem acabamento leva a um precipício.

- Vamos Lá! Segura em mim.

Descemos. Eu ponho meu corpo na frente, desço de costas, seguro os dois braços dele,vou vendo cada passo que ele dá. Foi muito fácil.

- É aqui.

Ele começa procurar a chave num bolso, no outro bolso, depois o noutro.

- O senhor está com a chave?

- A porta não tem chave.

Dou as costas, vou-me embora.

Ele não diz obrigado, não sorri, mas a gente não faz essas coisa esperando um obrigado; a gente faz essas coisas pra contar depois.