ATRAVESSANDO OS DESERTOS DA VIDA...


Naquele fim de tarde, enquanto as últimas pessoas se despediam e seguiam seus destinos, senti-me triste e com vontade de ir também. Os olhos marejados refletiam a saudade que já se fazia presente.
Talvez pelo fato de que, o entardecer sempre me deixava assim, nostálgica, ou quem sabe porque nunca gostei de despedidas... Olhar o pôr do sol, naquele momento - sem sentir saudade de alguém -, era algo quase que impossível.
Recolhi-me em meus aposentos e preparei-me para dormir. O frio já congelava até a medula. Mas a claridade do dia chamou-me a atenção, percebi que era muito cedo para deitar-me. No aconchego das cobertas, resolvi ler um pouco. Abri o livro, mas, por mais que me esforçasse, não retinha na mente o que os olhos registravam.
O vazio interior angustiava-me o suficiente para tirar-me a concentração. Passei então a refletir sobre a solidão, que vez por outra, acometia-me.
Lembrei-me de uma frase, ouvida nem sei onde, que era mais ou menos assim: “viver é como atravessar um longo deserto”, onde o foco é e será sempre a busca pelo melhor de nós mesmos.
Embora num primeiro momento eu tenha questionado o porquê desta lembrança ter vindo à minha mente, aos poucos fui ligando o pensamento aos fatos. Sentia-me num deserto naquele momento, mesmo ciente da presença de outras pessoas na casa.
Pensei em como essas turbulências, por nós vivida, analogamente assemelhava-se sim a travessia rotineira de um deserto.
Perdidos na imensidão da vida, muitas vezes, sentimo-nos isolados do mundo.
Mas, assim como num deserto, onde existem as formações dos Oasis - para aplacar as adversidades e condições geográficas -, na vida também temos nossos “Oásis”.
Nessa travessia, contatamos com milhares de pessoas com as quais compartilhamos nossos bons e maus momentos. Como verdadeiros mananciais dos desertos, elas contribuem com a nossa evolução pessoal.
O interessante nesse processo é que passamos a ser mestres uns dos outros. Nesse convívio, a partilha de bens e dons é fundamental. O conhecimento deve ser socializado de forma a atender as necessidades em comum.
Embora saibamos que ninguém muda ninguém, é exatamente nos muitos encontros e relacionamentos, que acontecem as nossas maiores transformações. Bastando para isso que estejamos abertos para tais mudanças. A cada estrada percorrida somos agraciados com uma nova oportunidade de crescimento, onde nosso livre arbítrio é quem ditará as normas a seguir.
Claro que os objetivos idealizados nesse caminhar é o que nos motiva. E, mesmo seguindo os desvios da vida, hora acertando, hora errando, o importante é não esquecermos o risco já traçado.
O tempo nem sempre é mensurado, pois cada situação vivida apresenta as suas características.
Algumas situações são tão áridas e dolorosas, que o tempo parece não passar; no entanto, outras tão prazerosas, tais quais as benesses de um oásis, que nem nos damos conta.
O grande segredo é não perder o foco “A busca pelo melhor de nós mesmos”.
Vanda Jacinto
Enviado por Vanda Jacinto em 20/03/2016
Reeditado em 29/10/2019
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