Esta noite eu tive um sonho medonho! Pesadelo mesmo! Não sei se foi por que eu vi muita tv ontem, que acabou misturando tudo na minha cabeça. Acordei assustada mas, agora estou até rindo das loucuras do meu cérebro. Sonho é assim mesmo, né?
Ontem à noite eu estava vendo a CNN em espanhol, com o âncora e alguns analistas convidados para analisarem a situação atual do Brasil e mostravam cenas de violência e enfrentamento dos manifestantes pró e contra o governo, que ainda nem haviam acontecido, já que os confrontos estavam sendo aguardados somente para hoje. Me pareceu até que eu reconheci aquele rapaz que foi agredido e as tvs brasileiras filmavam em close, por longos minutos, por vários ângulos.  Achei muito estranho, mas foi justamente neste momento que eu dormi, então, nem sei se aquilo que eu via era real ou se já fazia parte do sonho.  
Aí, apareceu o Moro, veja só! rsrs e eu comecei a conversar com ele. A gente estava na rua, com muita gente em volta, um barulho insuportável, mas eu conseguia ouvir perfeitamente o que ele falava. E estava  sendo uma conversa agradável. Sabe aqueles efeitos especiais nos filmes, onde só aparecem as imagens mas não o som? Foi desse jeito. As pessoas todas gritando, gritando, mas eu não havia o som, só o da voz dele. Eu me lembro nitidamente de ficar olhando bem nos olhos dele enquanto ele falava e achei um charme aquele sorrisinho dele, de canto, assim meio tímido, meio Capitu rsrs. Aí, de repente, ele me disse assim: “eu sei que eu também sou um peão...” e neste momento caiu na minha frente, todo ensanguentado, com um tiro na cabeça! Eu me apavorei e saí correndo, não por medo de também levar um tiro, mas por medo de que pensassem que fui eu. Enquanto eu corria pensava no que será que ele ia me dizer? Mas, aí, eu já estava dentro do Palácio do Planalto, em outra cena. Odeio quando o sonho passa de uma cena pra outra, mas foi o que me salvou. Acho que é a defesa do nosso inconsciente, né? O Moro não estava mais no meu sonho e eu não estava apavorada e nem nada, só estava perdida no meio de uns corredores e tinha escadas e passagens secretas... é horrível quando a gente sonha que está perdido, credo. Aí, de repente, apareceram uns homens e eu me escondi em um armário, e dentro dele uns enfeites dourados e uns casacos de frio, daqueles pra invernos rigorosos, tipo aqueles do Narnia,  e, no meio daquilo tudo, eu me lembro de ter pensado: pra que esses casacos tão pesados se aqui em Brasília nem faz tanto frio assim? Foi só um fragmento de pensamento, porque a minha atenção mesmo estava em espiar o que aqueles homens estavam fazendo e morrendo de medo deles me verem. Eles estavam de preto e se comunicavam com aqueles aparelhinhos na lapela, tipo aqueles caras que a Angelina Jolie detona e no final salta do hilicóptero, lembra desse filme? Então. Só que falavam tudo sussurrado, que não deu pra eu ouvir nada. Eles estavam procurando alguma coisa, mas não procuraram muito não, me pareceu que eles estavam ali só pra pegar o aparelhinho. Ainda bem, porque se estivessem procurando teriam me visto dentro do armário. De repente eles encontraram e saíram apressados. Era um negocinho bem pequeninho, parecido com um botãozinho. Achei interessante que parecia um botão mas tinha acoplado nele uma parabólica em miniatura. Mas não era sólido, parecia de gel, ou massinha de biscuit antes de endurecer, sei lá. De uma substância estranha. Quando eles saíram eu fui atrás deles... Kkkk eu rio agora só de me lembrar desta parte: eles andando apressados e eu, bem devagarzinho, me esgueirando pela parede, tipo a Pantera Cor-de-Rosa, só que a parede era nua, não tinha lugar pra eu me esconder  Kkkk Não sei como eu conseguia andar bem atrás deles, se eles andavam apressados e eu bem devagar, e eles nem percebiam que eu estava seguindo. E o mais engraçado é que eu já estava preparando uma boa resposta, caso eles me vissem. Eu ia fazer eles pensarem que eu não era real, era só um holograma e depois eu ia jogar uma fumacinha no chão e desaparecer. De onde surgiu o negócio da fumacinha dentro do meu bolso eu não sei, mas, enfim, sonho é sonho... Aí, eu já estava fora do Palácio, de novo no meio de um monte de gente correndo pra lá e pra cá, tv filmando, polícia com cassetete, não me lembro se era manifestação ou se era uma greve, acho que as duas coisas, e eu, andando bem devagarzinho atrás dos homens de preto que corriam, misturados com o povo. De repente, eu olhei pra trás e percebi que dois repórteres estavam me seguindo e me filmando. Eu pensei: por que eles estão me filmando se eu não estou fazendo nada? Eles nem sabem que eu estou seguindo alguém! Então eu dobrei a esquina pra despistar os repórteres mas não deu certo, eles continuavam a me seguir. Então pensei: Ah! eles devem é estar desviando a minha atençao para os homens de preto sumirem. E comecei a correr deles, só que eu corria corria mas não saía do lugar. A coisa tinha invertido: agora eles é que corriam atrás de mim e eu tentava correr e não conseguia. E de repente o povo todo estava correndo atrás de mim, me chamando de racista e pedófila e essas coisas, e a polícia também corria atrás de mim pra me prender. Que desespero! Então, eu vi um prédio muito alto, decorado com uma faixa grande, colorida e iluminada, e descobri uma portinha lateral que dava para uma escada, daquelas em caracol, que parecia nunca mais acabar, com uns degraus podres que quase me quebraram as pernas. Tentei encontrar um lugar pra me esconder mas o final da escada era justamente atrás da faixa iluminada. Os holofotes da polícia e as câmaras de tv focados em mim e eu não tinha pra onde correr. Tentei descer escorregando pela faixa mas ela arrebentou e despenquei lá de cima, e quando ia chegando no chão senti um tranco e acordei.

Gente! Que sonho maluco, né?   Quer saber? Hoje eu nem vou ver televisão.  Até por que é sexta-feira, dia de lavar a roupa da semana. 






Obs. A linguagem coloquial nesse texto foi proposital.