Não odiar os que odeiam...
Condenar ódio recíproco parece não ser apenas palavras cristãs, budistas ou doutrina que apregoa sentimentos opostos ao ódio: amor, amizade, filia. Precisa-se disso na política, e até entre os prosélitos das religiões. Atualmente, sucede insistente campanha de ódio político ou religioso, mediante generalizada difamação, "vide" os muçulmanos. Não basta não odiar os que nos odeiam, mas também, não odiar os que não odeiam, seja pessoa, grupo ou instituição.
Move-se o ódio, segundo Freud, quando o odiento tenta romper a pseuda fonte da sua infelicidade... Neste sentido, nada se consegue porque substancialmente o constructo da odiosidade está no próprio odiento, seja por medo, por injúria sofrida, ou por inveja que é, ao mesmo tempo, ódio a si mesmo. Ninguém é tão odioso que mereça o ódio de alguém, contudo quem odeia necessita de outrem ou de alguma coisa para materializar seu ódio que mata ou corrompe. Tudo começa desejando o mal a outrem e termina, geralmente, fazendo-o com as próprias mãos. Às vezes, você tem o infortúnio de ser odiado sem saber, ao estar recebendo essa aversão da parte de quem o persegue. Há quem viva para odiar porque não pára de odiar a si mesmo, ao invejar o ser ou o ter dos outros; enfim , ao não se aceitar, patina num pantanal de frustrações.
Se não há razão para tal lamaçal mefítico, o odiento cria motivos até sentir esse sentimento mais negativo do ser humano que iniciou Caim matando o irmão Abel. Os meios de comunicação têm propagado massacrante apologia ao ódio político, à intolerância e à aversão ao diálogo que desfaz mal-entendidos e que, nas palavras do Papa Francisco, "é muito mais do que a comunicação de uma verdade". Quanto ao ódio, sinceramente admoesto: Não odiar os que nos odeiam é bem mais difícil do que amar os que não nos amam...