RIMBAUD O POETA DO FIM DO MUNDO

RIMBAUD O POETA DO FIM DO MUNDO

Ninguém morava num despenhadeiro exceto Rimbaud que precisava caminhar para alem do mar por isso viveu junto, as almas inglórias que enamorava pelo canto do sol e o pranto do crepúsculo, os míseros beijos de sua utopia no cair da noite nos versos de fogo que escreveu sobre as cantigas de Angola em que ouvia nas madrugadas, os óculos escuro dos sábios de Babilônia que sobraram sobre suas narinas a inspiração, a esperança guardada em seu alforje de poeta que caminhava pelas trilhas da paixão por Val, o pequeno poema refletido na água do rio, o sonho branco nas tardes da África, a canção perfeita na ironia das suas lagrimas pelas ruas de França, os grandes muros da oração da saudade da sua cidadezinha, o beijo no seio do mundo a sua volta e as vinhas da loucura e o legado da infância, a psicografia tolerante das vozes nos guetos, a poda do absurdo nas paginas brancas do seu diário, o anjo que caiu na contra mão da estrada de Marrakech, a racionalidade e o respeito pelos céus e os jardins, a dobra dos sinos anunciando seu cio, o mormaço da terra desmembrada e o conflito do seu desejo pela manhã, o arco e lira e a pena que cai das mãos do homem sem perna, um cálice de vinho e a união a dois, o decifrar dos novos horizontes, o rio que desce do Carmelo, a mulher oculta que enche seu tonel de paixão que alem da posse dos abstrativos pede seu sonho de liberdade, o jeito de fazer carinho nos desertos e Oasis, a mascara dos nobres nos bailes das tribos, a ação por si só que vai ao lume, as dores das meninas presas pelos bandoleiros das estradas, o brejo vermelho e o próprio lugar, a gruta do poema e o cesto de frutas, o som do verão e o pássaro que voa sobre o cabo do medo, o cidadão confinado no porão do navio negreiro, o ritmo da valsa que toca na taberna dos piratas, os pináculos da ilha perdida do capitão Jack, a viagem de regresso a casa sobre a perna de pau no barco do peregrino, a sobra de comida do natal e a unção do seus pecado para o novo achado e a cova aberta que lhe espera em Charleville.