O pum da literatura Latino-Americana

Diante do tique-tique nervoso da maioria das pessoas, de ambos os lados, resolvi dar uma sossegada na periquita, voltar aos temas mais amenos que, na verdade, são os meus preferidos.

Olha, hermanos, hpá mais de 40 anos colaboro com dois jornalis do interior. Sou com muito orgulho um jornalista matuto, um eterno aprendiz, um amador.

Comecei a colaborar com esses jornais por acaso. E´que escrevia cartas à redação do JC e algumas eram publicadas, broncas de leitor. Então o pessoal dos nossos jornais me cooptaram (gostaram do termo chique de dia de domingo?). E até hoje continua escrevendo para eles, nunca interrompi.Mais: virei também cronista da rádio, escrevo diariamente uma crônica e o locutor lê(de segunda à sexta).

Eram no início vários colaboradores,eu era o mais mobral,mas um colega do banco muito bom em português revisava minhas malraçadas. Dentre os colaboradores havi, claro, um metido a grande intelectual. Esse cara era um porre. Um intelectual em compotas. Era prolixo, chato e amostrado. Ninguém lia os textos, porque não entendia. Ele infernizava a vida do gráfico, um rapaz muito esforçado, mas que não estudara. Era no tempo que o jornal era feito numa velha oficina e tinha-se que catar os tipos. Era semanal. O intelectual reclamava qualquer errinho, fazia um escândalo. Lembroque uma vez ele colocou duas palavras que o rapaz da gráfica não conhecia: conotação e destarte, e botou com a natação e de tarde. Imaginem o fuzuê.

Mas o causo mais engraçado - e verdadeiro - aconteceu quando começou a aparecer os grandes romancistas latino-americanos, Garcia Márquez, Vargas Llosa, Onetti... O sujeito chato endoidou, so ele entendia da literatura latino-americana, e leu as orelhas de alguns livros e fez um texto de mais de cem linhas, começava na primeira págia,a metade e a outra metade na última página, eram apenas quatro páginas. O título do texto: "O Boom da Literatura Latino-Americana". O rapaz da gráfica já com temor de levar uma bronca do carinha, entendeu que ele tinha botado um "o" a mais, o coreeto seria bom. Mas não biotou essa palavra, primeiero ligou pro sujeito. Era no tempo que o telefone que precisava passar pela telefonista, não era automático, e quando se telefonava tinha que ser aos gritos e nem sempre as pessoas entendiam corretamente. O rapaz da gráfica pergunrou ao intelectual se ocorretoera bom,sem o "o" a mais. O cara foi grosso, e gritou: - Nao é bom, burro, é bum! Coloque bum. O pobre entendeu pum. E tacou no titulo do texto do intelectual: "O Pum da Literatura Latino Americana". Quiando distribuiram o jornal no domingodepois da missa, e o intelectual que era beato viu o título do seu texto, teve um chilique e teve que tomar uma garapa. Passou vários dias de cama. E no outro domingo tiveram que republicar o artigo, que ningupém leu. Mas ninguém esqueceu do "pum", e quando ele passava cochichavam, "foi esse chato que escreveu sobre peido". Sao coisaa que a gente não esquece. Naquele tempo não havia grampo nos telefones, mas o efeito era ainda mais devastador. E era um tempo muito mais ameno. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 17/03/2016
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