DIÁRIO [16/03/2016]
 


16/03/2016 12h29
BÊBADOS
 
 

 
Em política, via de regra, o que não é mentira é hipocrisia. A verdade é o que escapa à regra. O mentiroso puro e simples geralmente é o mais autêntico e, paradoxalmente, até o mais verdadeiro. O "regime de verdade" da política não é mesmo da estética, da ciência e nem da própria ética. Basta ver o caso do WikiLeaks. E também não é o da justiça. Quando a política reivindica o regime de verdade de qualquer dessas outras instâncias, é pura hipocrisia. E geralmente o resultado é nefasto. O nazismo foi isso. A ditadura de 64 também. Esses tipos de regimes se justificam como moralizadores e para tanto cometem toda sorte de imoralidades. E quando a justiça se imiscui em política começa a sofrer do mesmo mal da polítia: mentira e hipocrisia. Porque não é mais justiça, é política. Nas justificativas e motivos da "condução coercitiva" de Moro e do pedido de "prisão preventiva" dos promotores paulistas só existem razões políticas, não jurídicas. Nessas circunstâncias um juiz ou um promotor que assim age faz política, sendo assim é mentiroso ou hipócrita. Ou um vaidoso, como é também o caso. Muita vontade de ser um Elliot Ness. Ou muito pior, um Roland Freisler, que com seus atalhos jurídicos deu sustenção jurídica ao nazismo no atropelo legal de suas sentenças. E ele antes disso foi um respeitado jurista. Fez política. Não se faz justiça com injustiça. Isso é pretensão da política.
 

 
A Juíza que deu o parecer do Ministério Públlica paulista, portou-se como Pilatos. Trasferiu a responsabilidade e a competência para os outros. No caso, o Ministério Público paranaense. Fez política, competia-lhe simplesmente indeferir o pedido. Isso inocenta os indiciados? Sim, mas o erro foi a preciptação do pedido, tanta a ânsia de cumprir certos objetivos políticos e de vaidade. Bem a calhar com as pretensões vaidosas de Moro, com quem Consertino e cia competem com suas melancias. O papel de juiz nazista caiu de graça na bandeja do juiz paranaense. A vedete do judiciário agora se rejubila: Curitiba e Maringá viraram Munique. Freisler foi morto por um bombardeio aliado enquanto conduzia um dos seus julgamentos arranjados em fevereiro de 1945. É a glória fugaz ou a hecatombe. O juiz Moro devia participar do "Se vira nos sinta", pois já tem até fã clube. Virou vedete de teatro de revista. Isso não é engraçado, é trágico. Assim é a política. 
 

 
A pior atitude política é a atitude que se diz apolítica. Pois está cheia de má-fé ou ignorância, ao se considerar acima do rés-de-chão político. É má-fé justamente por se considerar acima do rés-de-chão político. Quem assim se compreende e age politicamente, age como uma vestal de casa de tolerância. Mentira e hipocrisia: a mais elementar política. A flor virgem do serralho. Já a ignorância decorre do fato de não saber de fato o que é política. Nesse caso ao invés de agir politicamente com suas faces rosadas, deviam é participar do Big Brother não sei que número. Já nos ensinou Weber que política não é o que faz no e com o Estado, mas sim o espinhoso caminho largo que liga a sociedade ao Estado. E aí nessa ampla avenida reina o realismo de que tudo é válido. Que faz tudo valer para se ter a gestão do poder monopolizado pelo Estado, que como se sabe tem origem espúria e ilegítima. Quanto a mim, prefiro minhas miragens anarquistas. Essa é minha atitude política.
 

 
Em briga com bêbado, se bater é covardia, se apanhar é vergonha. Não existe mérito. Só não dou uma boiada porque sou bastante desprovido.
 

 
Primeiro se embebada o Peru, para depois matá-lo e tirar vantagem disso. Antes de subir as escadas do Teocalli, os Astecas embebedavam suas vítimas. Para morrerem felizes por manter no firmamento o sol no seu ciclo diário. Não queriam que o quinto mundo acabasse.
 

 
Quando o gato já está morto, o mais vira-lata dos ratos é o primeiro a se candidatar para lhe colocar o guizo. É fácil, mas descessário. Não exige mérito.