DIÁRIO [15/03/2016]
15/03/2016 16h48
ESQUECIMENTO
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Hoje esqueci algo importante. Fui lembrando já na urgência, no atropelo do quase sem mais jeito. E tem mais, qualquer coisa quando a gente esquece aumenta de tamanho e relevância, se acumula até arrebentar a represa e inundar tudo que vem depois. Aí é o desastre sem reparação. Tanto lembrança quanto o esquecimento é operação de memória, pensava Maurice Halbwachs. Nesse sentido esquecimento também é necessário, mas ele tem de ser seletivo e involuntário. O problema de hoje é que tem muita gente fazendo coisa que só merece ser esquecida, pois não merecia ser feita. Gente dizendo consertar erro com outros erros para continuar na feitura dos mesmos erros. E lembrando coisas que a gente nem queria que tivesse acontecido, e pior, querendo que isso aconteça de novo. É um esquecimento seletivo e voluntário. Essa vontade promete o grande desastre. Se dependesse de minha vontade gostaria de ter vivido antes disso tudo, ou muito depois, quando passar suas prováveis nefastas consequências. Quando o individualismo neoliberal já tivesse morrido junto com seus últimos lunáticos prosélitos.
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Hoje recebi a visita de um irmão, uma cunhada e um primo. Como conversamos besteira! Gosto muito disso. Sou muito bom em inventar mentiras nessas ocasiões. E sou melhor quando sou um assumido mentiroso. Sem a amargura de minhas desanimadas verdades fico agradável como se fosse David Hume.
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