Frade analisa o clima de ódio

Não vou opiniar sobre o clima de tensão que se abate sobre o nosso país. Estou, confesso, perplexo e temeroso com o vulto que o radicalismo de posições e ódio estão turvando a razão e entorpecendo mentes e corações,

Estava nervoso e tenso quando, lendo o caderno Cidades do JC, logo cedinho, me deparei com um texto escrito por um frade franciscano Frei Aluisio Fragoso..Esse texto me tirou do volume morto, e por isso resolvi partilhá-lo comosamigos do Recanto, quem sabe se ele não surte o mesmo efeito que causou em mim.Eis o texto:

O ÓDIO É AUTOFÁGICO

"Em outras palavras, eledevora-se a si mesmo. Na antiga cukltura grega, a mitologia figurava a inveja como uma serpente engolindo o próprio rabo, dando a entender que quem mais sofre as sequelas da invejanão é o invejado mas sim o invejoso. A mesma representação vale para o ódio. Quem se dixa invadir por ele, em vez de maltratar o seu alvo matgrata-se a si mesmo. No entanto, ele possui o poder sinistro deinfeccionar os espaços da convivência humana, boicotando debates, diálogos, conciliações e, consequentemente, a essência da democracia.

"O ódio é decerto uma das forças mais assustadoras do mal, converte-se, muitas vezes numa espécie de possessão demoníaca, torna a pessoa cega, surda e muda no sentido de recusar-se a ver, ouvire dialogar. Seu único objetivo é destruir o adversário.

"Isso vem a propósito dessa supreendente irrupção de éodio que circula pelo Brasil a fora, nas redes sociais, desde a última campanha político-partidária. Surpreendente sim, pois desmente uma antiga tese sustentada inclusive por sociólogos de renome:a da cordialidade como índole inata do povo brasileiro. Seríamos um povo entranhadamente pacífico, afeito às soluções raciionais para nossos mais graves impasses. A avalanche de ataques acionados pelo ódio, particularmente nas redes sociais, demonstra o contrário e favorece outra tese, de cunho moral: nos porões do subconsciente todo mundo guarda um arsenal de monstros - sendo o ódio um deles, à espreita de oportunidades extremas. Dadas essas oportunidades, eles emergem com uma força incontida. É o que estamos vendo e ouvindo atualmente.

"Na liturgia da Igreja Católica estamos vivendo o tempo da Quaresma. Ele lembra um momento em que Jesus enfrentou tmbém o bulliyng moral ditado pelo ódio. Diante da evidência doseu sucesso, seus adversários apelaram para a instância mais agressiva, a fim de jogá-lo contra a opinião pública: "é pelo poder de Belzebu, príncipe dos demônios, que ele realiza estes prodigios!". Nesse momento Jesus deve ter tido a certeza de que sua morte estava decretada. Eles apelavam para a irracionalidade. Era o ódio em ação. Era o preço que Ele pagava pela ousadia de pretender mudar radicalmente a idéia de Deus na mente do povo. Sntes deser poder, Deus era misericórdia. Antes de ser rito e tradição, Ele era pureza de intnção. Antes de ser lei e ordemestabelecida, Ele era justiça. Antes de qualquer outra coisa, Ele era amor...

"Senndo a Quaresma especialmente um tempo penitencial, éhora de todos que pretendem exercer sua cidadnia avaliar os verdadeiros sentimentos que os motivam e impulsionam, pois uma luta legítima e necessária como o embate político, se for acionado pelo ódio nun ca poderá ter um desfecho por via democrática. Neste tempo quaresmal, oremos pelo povo brasileiro".

Frei Aloísio Fragoso é frade fraciscano. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 13/03/2016
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