"Sou brasileiro com muito orgulho"

Compro camisa e bandeira; ergo quando a seleção joga.

Perdeu; rasgo e maldigo a pátria.

Pago todos os meus impostos, no entanto, busco "recuperar" o que paguei com recibos que encontro alhures.

"Eu sou brasileiro com muito orgulho"

Pago minhas contas em dia, dou a esmola da consciência à criança no semáforo.

Apoio a isonomia, mas não admito a senzala falar.

Luto pela igualdade, porém, primeiro a minha parte.

Sou pelo Brasil e pelo povo. Ao povo as batatas.

Cadê aquele amigo na fila do banco?

Cadê o meu "jeitinho"?

Sou Brasileiro!

Sei dublar o hino em época de jogo da seleção.

Quero meu quinhão!

Cadê o meu, cadê o meu, oh, meu!

Respeito é palavra de ordem. Contudo, vocifero palavras de calão a esmo.

Sou brasileiro!

Tenho direito, direito, direito, direito.... Dever? Devo e pago quando puder. Reparação? Não! Servidão? Sim!

Sou!

Sou o que não consigo refletir, o que não aprendi, o que quer petrificar, o que quer o fixo, a casa grande, o colonizado-colonizador, o ressentido, o rebanho desorientado, o, o, o, o, o idiota com direito à voz.

Sou a construção falida da sociedade medíocre e sem conhecimento de causa e fatos.

Sou o que ouço pelos alto -falantes midiáticos.

Não sou e penso que penso que sou!

Mário Paternostro