O desabafo do compositor
1. Meu fraco não é escrever sobre músicas, compositores e interpretes. Faltam-me abalizados e profundos conhecimentos para opinar, com segurança e competência, sobre as estrelas da música popular brasileira.
2. Aprendi com os antigos, que não devemos pôr o chapéu onde nossa mão não alcança. Sou, isso sim, um admirador dos bons compositores; compositores poetas; artífices de inesquecíveis canções; e dos interpretes irretocáveis das músicas que chamo de eternas. Nada mais do que isso.
3. Falar, escrever sobre cancioneiros e suas canções é tarefa de escritores especiais como o jornalista Ruy Castro, que acaba de entregar aos seus leitores mais um formidável livro, no momento, o meu livro de cabeceira: A noite do meu bem - A história e as histórias do samba-canção.
4. Isso depois de ter publicado a mais completa biografia de Carmem Miranda e os gostosíssimos livros Chega de Saudade, A Onda que se ergueu no mar, sobre a bossa nova.
Sem falar nas crônicas sobre a nossa autêntica música popular que ele escreve na Folha de São Paulo, integrante que é do elenco de respeitados cronistas acolhidos pelo valoroso jornal paulista. 5. Ninguém, porém, me impede de fazer, quando me dá na telha, despretensiosas considerações sobre esse ou aquele compositor; apontando-lhe os defeitos e as virtudes; enaltecendo-lhe a obra; ou criticando-a se for o caso. Sem, contudo, querer dar uma de crítico musical. Não é a minha praia, como disse lá em cima.
6. E entre os compositores que me encantam, pela beleza de sua composições, está o nosso Toquinho (Antônio Pecci Filho - nascido em São Paulo no dia 6 de julho de 1946). Amigo e parceiro de Vinicius de Moraes, juntos durante onze anos a dupla (qui dupla!) nos presenteou com "25 discos e 120 canções"... lindíssimas!
7. Canções como Onde anda você - "E por falar em saudade/ onde anda você/ onde andam os seus olhos que a gente não vê/ onde anda esse corpo/ que me deixou/ louco de tanto prazer."
Tarde em Itapuã - "É bom/ Passar uma tarde em Itapuã/ Ouvindo o mar de Itapuã/ Falar de amor em Itapuã." Itapuã!!! a praia mais querida e famosa da Bahia... por ela me apaixonei, desde que aqui cheguei, idos de 1957, vindo das praias bonitas do meu Ceará.
8. Pois é. Toquinho está comemorando os 50 anos do lançamento do seu primeiro disco, cantando, mas indignado com o que acontece no seu país.
Disse ele à Folha de São Paulo: "Hoje tenho vergonha de ser brasileiro. É um país conturbado, movido pela corrupção, por escândalos. Esse não é o Brasil de onde eu vim." Esse Brasil, Toquinho, também não é o meu...
9. Lendo alguma coisa para, em seguida, homenagear o compositor de Aquarela, voltei aos velhos compositores; compositores inspirados, vates da canção, como Braguinha (As pastorinhas), Luiz Vieira (Menino de Braçanã), Mario Lago (Nada além), Assis Valente, Ataulfo Alves, dizendo-se com saudade da Amélia, "a mulher de verdade". Apenas alguns.
10. Toquinho, ainda falando ao jornal, não apenas confessou sua irresignação com o que fizeram com o Brasil.
O compositor desabafou: "Não há mais um poeta no país. Vai ser difícil uma geração como a minha (ele tem 69 anos), ou como a da bossa nova, surgir num Brasil como esse."
11. Tem razão o compositor-poeta Toquinho. Alimento, porém, a esperança de que, de repente, novos compositores-poetas saiam da toca e voltem a embalar o Brasil com belas "páginas musicais"; e que não sejam simples canções de ninar...
1. Meu fraco não é escrever sobre músicas, compositores e interpretes. Faltam-me abalizados e profundos conhecimentos para opinar, com segurança e competência, sobre as estrelas da música popular brasileira.
2. Aprendi com os antigos, que não devemos pôr o chapéu onde nossa mão não alcança. Sou, isso sim, um admirador dos bons compositores; compositores poetas; artífices de inesquecíveis canções; e dos interpretes irretocáveis das músicas que chamo de eternas. Nada mais do que isso.
3. Falar, escrever sobre cancioneiros e suas canções é tarefa de escritores especiais como o jornalista Ruy Castro, que acaba de entregar aos seus leitores mais um formidável livro, no momento, o meu livro de cabeceira: A noite do meu bem - A história e as histórias do samba-canção.
4. Isso depois de ter publicado a mais completa biografia de Carmem Miranda e os gostosíssimos livros Chega de Saudade, A Onda que se ergueu no mar, sobre a bossa nova.
Sem falar nas crônicas sobre a nossa autêntica música popular que ele escreve na Folha de São Paulo, integrante que é do elenco de respeitados cronistas acolhidos pelo valoroso jornal paulista. 5. Ninguém, porém, me impede de fazer, quando me dá na telha, despretensiosas considerações sobre esse ou aquele compositor; apontando-lhe os defeitos e as virtudes; enaltecendo-lhe a obra; ou criticando-a se for o caso. Sem, contudo, querer dar uma de crítico musical. Não é a minha praia, como disse lá em cima.
6. E entre os compositores que me encantam, pela beleza de sua composições, está o nosso Toquinho (Antônio Pecci Filho - nascido em São Paulo no dia 6 de julho de 1946). Amigo e parceiro de Vinicius de Moraes, juntos durante onze anos a dupla (qui dupla!) nos presenteou com "25 discos e 120 canções"... lindíssimas!
7. Canções como Onde anda você - "E por falar em saudade/ onde anda você/ onde andam os seus olhos que a gente não vê/ onde anda esse corpo/ que me deixou/ louco de tanto prazer."
Tarde em Itapuã - "É bom/ Passar uma tarde em Itapuã/ Ouvindo o mar de Itapuã/ Falar de amor em Itapuã." Itapuã!!! a praia mais querida e famosa da Bahia... por ela me apaixonei, desde que aqui cheguei, idos de 1957, vindo das praias bonitas do meu Ceará.
8. Pois é. Toquinho está comemorando os 50 anos do lançamento do seu primeiro disco, cantando, mas indignado com o que acontece no seu país.
Disse ele à Folha de São Paulo: "Hoje tenho vergonha de ser brasileiro. É um país conturbado, movido pela corrupção, por escândalos. Esse não é o Brasil de onde eu vim." Esse Brasil, Toquinho, também não é o meu...
9. Lendo alguma coisa para, em seguida, homenagear o compositor de Aquarela, voltei aos velhos compositores; compositores inspirados, vates da canção, como Braguinha (As pastorinhas), Luiz Vieira (Menino de Braçanã), Mario Lago (Nada além), Assis Valente, Ataulfo Alves, dizendo-se com saudade da Amélia, "a mulher de verdade". Apenas alguns.
10. Toquinho, ainda falando ao jornal, não apenas confessou sua irresignação com o que fizeram com o Brasil.
O compositor desabafou: "Não há mais um poeta no país. Vai ser difícil uma geração como a minha (ele tem 69 anos), ou como a da bossa nova, surgir num Brasil como esse."
11. Tem razão o compositor-poeta Toquinho. Alimento, porém, a esperança de que, de repente, novos compositores-poetas saiam da toca e voltem a embalar o Brasil com belas "páginas musicais"; e que não sejam simples canções de ninar...